quinta-feira, 28 de maio de 2015

2. Violência | Safatle, Ginzburg e Luiz Eduardo Soares


12 comentários:

  1. Avalio que a questão da violência está diretamente vinculada com a questão da Educação (em todos os níveis), sendo que mesmo diante da diversidade das classes sociais existentes no Brasil, em todas elas existe a incidência de violência, mudando-se apenas o tipo e freqüência da violência em cada uma delas. Mas quanto mais baixo é o nível de educação, maior é a potencialidade da incidência da violência sobre as pessoas que compõem esta camada da sociedade.
    Deve ser destacada também a falta de preparo por parte do estado brasileiro com relação ao combate à violência, pois é notório que em todas as esferas publicas e políticas existentes no país, não existe uma ação coordenada capaz de frear o avanço da violência em todas as áreas da sociedade. Outro aspecto importante a ser considerado e que endossa a falta de preparo do estado brasileiro no combate a violência, é o baixo índice de investigação com conclusão plena sobre atos violentos e a própria aplicação da violência por parte da polícia para reprimir esta situação, além do baixo nível de recuperação dos detentos que cada vez aumentam no Brasil.
    A sociedade também possui alto nível de responsabilidade na escalada da violência por consentir quanto a incidência de preconceitos sociais e raciais, sendo notório que as situações mais graves relacionadas à violência estão diretamente relacionadas as questões das pessoas com cor de pele parda ou negra, pobre, que reside nas periferias dos grandes centros e que possuem baixa escolaridade. Neste aspecto, avalio que a sociedade brasileira também é omissa por sempre apresentar um alto nível de reivindicação quanto a diminuição da violência, mas com baixo nível de apoio a medidas que efetivamente contribuem para a diminuição da violência.
    Entendo que embora tenha sido pouco citado no debate realizado, deve ser destacado que hoje em dia somos submetidos a outros tipos de violências não diretamente físicas, como violências virtuais, discriminatórias, atitudes preconceituosas dentre outros fatos que também podem contribuir de maneira decisiva para a geração de outros meios de violência que são mais conhecidos e populares dentro da sociedade.
    Quanto a citação da origem da violência no Brasil, entendo que não há como dissociar isso da época da colonização do Brasil, onde todo o processo transcorreu sobre contínuo uso de força desproporcional contra os colonizados e isso fez com que o nosso país sempre fosse acostumado com práticas violentas em sua história. O que se mudou ao longo do tempo foi apenas as “justificativas e razões” para a prática da violência, mas ela sempre existiu de forma muito clara e presente dentro da sociedade brasileira.
    Por esta razão, avalio que no Brasil existe uma indústria da violência consolidada a partir de vários componentes importantes como sistema penitenciário, polícia, poder judiciário, empresas de vigilância privada, armamentos e os próprios meios de comunicação), onde entendo que por diversas razões estas partes se beneficiam da violência que incide em nossas vidas, para poderem se perpetuar.
    Destaco também que não é somente no Brasil que existe esta situação crítica da violência, onde em muitos países definidos como desenvolvidos, existe alto nível de violência interna, o que por vezes acaba não sendo de conhecimento de nossa sociedade, até pela própria característica de cada país em administrar e divulgar as informações relacionadas à violência que lhes atinge.
    Diante disso, acredito ser uma utopia acreditar que a violência será algo extinto da sociedade humana, por razões que envolvem a própria evolução da humanidade e dos seus povos e nacionalidades que foram constituídas, onde o que deve ser feito são esforços de forma concentrada, organizada e global que priorizem o aspecto educação das pessoas, para que seja possível gradativamente propiciar a diminuição da violência em todos os níveis sociais, especialmente àqueles que estão mais vulneráveis à questão da violência.
    Rafael Rodrigues Gonzaga
    RA 21031514

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  2. Interessantíssimo o debate, principalmente no que concerne à discussão sobre a institucionalização legítima da violência. A meu ver, a violência não decorre simplesmente de uma característica humana intrinsecamente má, como muitos defendem. É inequívoca a agressividade instintiva que se revela em momentos extremos e específicos de defesa da própria vida. Entretanto a violência atual sobre a qual se fala no contexto brasileiro e mundial está bem longe de tal instinto humano - animal, na verdade - de sobrevivência. A violência a que o debate se refere, ao contrário, é ensinada, aprendida e naturalizada através da disseminação de um discurso de medo instituído com vistas à manutenção de papéis sociais muito bem definidos e privilégios exclusivistas. Acredito que a violência física que nos choca a todos consiste num estágio muito posterior à violência psicológica historicamente perpetrada por instituições sociais (estatais, policiais, educacionais, religiosas etc) e incorporada a uma cultura do medo que marginalizou indivíduos, os destituiu de subjetividade, "coisificando-os", e naturalizou a valoração das vidas humanas a partir da construção de estereótipos de violências invisíveis e aceitáveis e de violências palpáveis e puníveis, a depender de quem as comete e a quem elas se dirigem. Não creio, portanto, que exigir do Estado meras medidas de contenção da violência hodierna solucionará essa questão tão complexa. Todo e qualquer cidadão é indiretamente corresponsável pela violência que o atinge. Nesse sentido, mudanças efetivas só poderão ser vislumbradas a partir do esforço conjunto dos diversos setores da sociedade no sentido da desconstrução de estigmatizadores sociais e da ressignificação de paradigmas individualistas para uma visão mais coletiva e democrática.

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  4. Boa tarde colegas, após ver o vídeo e ler o comentário dos colegas tentarei mostrar minha opinião que não difere muito do que já foi dito.
    Primeiro a relação da violência e escolaridade ela é notória, dentre as diversas razões para que esta relação exista eu creio que uma delas é que sem discutir, analisar, ter perspectivas culturais diferentes das que fazem apologia a violência ( no caso do Brasil, além da industria de games como falado no vídeo, ressalto a industria musical ), a pessoa fica sem armamentos para resolver seus conflitos de maneiras diferentes, é mais difícil visualizar diferentes caminhos para resolver problemas, do que simplesmente recorrer a violência ( neste ponto é importante lembrar que geralmente existe uma redução do entendimento da violência como algo físico, deixando claro que trato violência como qualquer descarga de ódio ao próximo ).
    Continuando, creio que um ponto chave do porque o tamanho gigantesco da violência no Brasil e seu crescimento, venha da ideia de o país não trabalhar as memórias do passado, ao contrário, existem apologias que os tempos de ditadura foram melhores, eu sinceramente creio que qualquer ação desde que bem analisada terá pontos bons e ruins, o nazismo alemão teve sua importância para seu povo, mas o classificamos como uma mancha na história, algo terrível pois os resultados negativos foram tão superiores que os pontos bons se tornam insignificantes perto dos ruins, a mesma coisa com a ditadura, alguns defensores deste movimento surgem com estatísticas mostrando que em alguns poucos setores a ditadura fez o país melhor, mas não analisam como um todo, ignoram os mortos, ignoram a censura, dentre outros fatores, desta forma a população não avança, renegando o passado perdemos força para construir um futuro melhor.
    Assim cada vez mais temos pessoas a-históricas, pautando opiniões através do achismo, como citado no vídeo existe uma repressão forte por parte da polícia em geral, lembrando que eles mesmos em sua formação sofrem diversos abusos de poder, como recentemente virou caso da mídia o jovem ex-soldado espancado por mais de dez pessoas, aparentemente sem razão, como um treinamento.
    Esta pessoa tende a reproduzir isso no próximo de forma que este movimento vai avançando.
    Desta forma fica difícil pensar em uma aniquilação da violência, e não existe uma medida única para mudar este fator, creio que um estudo elaborado de diversas mudanças, dos presídios para as escolas, do modo de treinamento da polícia até seu contato com a população, da diminuição das desigualdades, entre outros fatores, podem começar a inverter este quadro, o que não será fácil e necessitará de uma mudança de paradigmas, pois já está comprovado que a reprodução do mesmo, mais violência para combater a violência, não está dando certo.

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  5. Dentre os tópicos abordados durante o debate alguns deles me chamaram atenção, principalmente sobre a "invisibilidade social" e a problemática relacionada a polícia militar.
    Desde que me conheço por gente vejo o tom pejorativo que boa parte da sociedade utiliza ao se referir aos cidadãos que vivem em áreas periféricas, apelidos que vão de favelado, pobre coitado até mesmo se referindo aos mesmos como vagabundos. A partir desta simples rotulação evidencia-se o desprezo social que os moradores das "comunidades" sofrem rotineiramente tanto da mídia hegemônica de nosso país, como dos seguidores da mesma.Na minha visão o melhor exemplo para podermos retratar como os pobres e principalmente os negros e pardos pobres sofrem é em relação as cotas sociais, como ocorrem na UFABC como ferramenta de ingresso na universidade.
    A ideia da cota para estudantes de baixa renda, oriundos de escolas públicas, afrodescendentes e índios é de trazer a tona o significado de universidade que é a união das diversidades, é ter uma população estudantil que reflita o que é a sociedade. Portanto é um incentivo contra a tal da invisibilidade social que assola milhares, senão milhões de cidadãos ao redor de todo país.Uma dispositivo de inclusão como esse deveria ser exaltado como forma de enfrentar, de maneira propositiva, o preconceito e até mesmo a discriminação vivida por tantos. Porém, infelizmente, a própria universidade ainda se vê refém desta invisibilidade, pois se qualquer pessoa que sair do bloco Alfa 1 em direção ao segundo bloco de mesmo nome , fatalmente irá notar que muito mais da metade dos alunos são oriundos de escolas particulares e famílias que tem condição financeira estável...Ao olharmos para o corpo docente da universidade a situação é mais assustadora, são pouquíssimos os professores afrodescendentes ou mesmo pardos que lecionam na UFABC.
    Acredito que a única maneira para diminuirmos essa desigualdade e invisibilidade social é através de políticas públicas com mecanismos que oportunizem as pessoas condições justas, pois o maior erro que uma política social pode cometer é tratar os diferentes de maneiras igual, onde o grande triunfo seria tratar os diferentes de forma desigual(através de cotas, incentivos como bolsas de estudos) e assim buscar um horizonte menos desigual onde não exista invisíveis aos olhos da sociedade.
    No que se diz a respeito da conduta da polícia militar, simpatizo muito com a ideia de desmilitarização ou até mesmo extinção da mesma. Como muito bem pontuado pelos debatedores, essa instituição é o cerne dos problemas relacionados a violência no nosso país. O exemplo citado no início do vídeo onde policiais da ROTA apelidaram negros e pobres de "feios" e brancos de "bonitos" explicitam o deplorável comportamento, não somente destes agentes, mas da corporação em si que amplifica a violência de maneira sistemática e nociva para aqueles marginalizados pela sociedade e pelo governo.
    Acredito que ainda estamos muito distante de uma sociedade justa e respeitosa, temos que galopar muitos anos para alcançar minimamente condições sociais adequadas para todos, mas acredito que podemos dar um primeiro passo e esse poderia ser, no meu ponto de vista, a extinção da polícia militar.

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  6. Divergindo um pouco das opiniões apresentadas durante a discussão, acredito que a educação não tem papel fundamental na questão da violência, definida pelo dicionário como: 1 Qualidade de violento. 2 Qualidade do que atua com força ou grande impulso; força, ímpeto, impetuosidade. 3 Ação violenta. 4 Opressão, tirania. 5 Intensidade. 6 Veemência. 7 Irascibilidade. 8 Qualquer força empregada contra a vontade, liberdade ou resistência de pessoa ou coisa. 9 DirConstrangimento, físico ou moral, exercido sobre alguma pessoa para obrigá-la a submeter-se à vontade de outrem; coação. Analisando através desses significados, vemos que a violência não tem a ver com uma educação ou a falta dela, a educação é subentendida como o ensinamento das faculdades intelectuais, a violência não é fruto de ensinamentos, é uma forma de expressão intensa que surge de acordo com a formação de um caráter, com aquilo o que a pessoa vive ou vê ao longo de sua vida, que é um aspecto não combatido no país, pois na verdade não é visto como um real problema por quem teria o poder de solucioná-lo, ou mesmo quem entende e compreende toda a existência da violência não encontra vantagens pessoais o suficiente para que tente resolvê-la, então a violência continua como uma realidade que presenciamos no dia a dia, uma rotina a qual nos acostumamos e assim acaba entrando na vida das pessoas que estão próximas e podem acabar influenciando culturalmente moradores como uma alternativa de subsistência, e não sofrendo punições pelo uso da violência, o que deixa as pessoas livres para voltar a fazê-las agora conscientes que nada acontecerá caso pratique tais atos, como dito na discussão, você enquanto não usuário da violência está sujeito a mesma sem poder ter ajuda( no caso citado policial), mas qualquer prática que o faça saber que não irá mais se repetir, mas também você tem por outro lado a violência que acontece em periferias para garantir a própria segurança dos moradores desses lugares, onde não são ofertadas oportunidades para essas pessoas para que não precisem mais disso, como já dito anteriormente, não chega a ser algo que gere vantagem para quem possa resolver, havendo também o incentivo a violência em alguns meios, geralmente movida a motivos sociais de diferenças étnicas, de opção sexual ou religiosa, seja qual for a motivação, quase todas são motivadas por simples diferenças que levam a separação de níveis da sociedade e que acabam gerando essa necessidade de violência para que se faça “justiça” aos olhos dessas pessoas, já que o país não consegue dar essa justiça que seria o igualitarismo. Desse mesmo modo vemos a existência também da violência como algo que seja entendido como pressionador e que cria um poder, sendo usado então, de diversas maneiras e em todos os âmbitos da sociedade, para defesa, contenção, demonstração de poder, afastar pessoas, seja qual for, todas as violências no país procuram sua justificação para tentar ter suporte sobre aquilo que fazem. Como uma breve conclusão, abrangendo apenas algumas das questões levantadas no debate, podemos dizer que a violência será algo que como parte do ser humano, nunca estará extinto da sociedade, porém o entendimento e como falado ao final, ouvir e compreender o que essas pessoas tem a dizer pode trazer a solução, somente sabendo qual o problema de fato, poderemos levantar possíveis soluções que poderão tentar ser aplicadas visando a diminuição dessa violência.

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  7. Assim como o comentário do primeiro post, do nosso amigo Rafael Gonzaga, tenho o mesmo ponto de vista dele quanto à violência (e usando as mesmas palavras), está vinculada diretamente com a questão da educação, em diferentes tipos de classes sociais existentes no Brasil, e em todos os outros países do mundo. E sendo sempre inversamente proporcional na questão de, quanto mais baixo o nível de educação/classe social, maior é o índice/potencial de violência. Enfim, uma triste realidade.
    Essa questão inclusive é mencionada por um dos entrevistados. Diz que no ambiente escolar não existe nenhuma preocupação em qualquer nível escolar com políticas que sejam contrárias à violência, em formar as crianças e adolescentes com orientações à cerca do assunto. E pior, diversas instituições agem de maneira repressiva, hostil, criando situações que levam a comportamentos violentos, e além de aceitar e permitir, podem até incentivar.
    Acho importante também ressaltar um ponto mencionado, o qual fala que não existe sociedade sem violência, nem aqui no Brasil, ou no exterior, “só em cemitério”. É preciso buscar uma sociedade que diminua diariamente e constantemente a violência, na busca de minimizar o quanto for possível. E em paralelo a essa questão, entra a figura da Segurança Pública, da Policia Militar, Rota, dentre outros órgãos, que foram criados para combater a criminalidade, roubos, furtos, violência de cidades. Neste assunto, coloco-me contra a opinião do nosso colega Victor Mauro quanto à extinção da Polícia Militar, com base num mero ditado popular: “Ruim com a policia nas ruas, pior sem”. Só seria um estímulo a mais para a violência. Porém, ainda neste tema, o que mais me impressiona é o fato mencionado no vídeo de que, mais de 60% da população brasileira não confia na polícia, entende que a polícia é um problema a mais, e não parte da solução do combate à violência, pois é difícil distinguir um comportamento criminal de um comportamento policial. É preciso rever os conceitos sobre este tema, principalmente quanto um policial mata um criminoso, querem crucifica-lo. Quando se está com medo ou num momento teso, de violência, qualquer ação é legitimada. Se sente numa posição onde se não for eles, é você, se não tiver uma ação, eles vão agir contra você.
    Acredito estarmos longe de uma sociedade sem violência. É uma busca diária de todas as pessoas que a compõe e que necessita também de soluções de todos os lados, desde governantes, até à população mais pobre. E vou sempre acreditar que só com a Educação que se pode mudar este cenário, pois nenhuma criança nasce violenta, ela se torna violenta. A educação é o ponto principal para que essa criança não se torne um adulto violento, sendo estimulado por diversas circunstâncias que a rodeia, desde drogas, brigas familiares, abusos, mídias, dentre outros.

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  8. O debate é de grande relevância para pensar a questão da violência, e tanto os debatedores quanto a plateia abordam interessantes aspectos sobre este assunto bastante amplo. Dentre os subtemas abordados no debate, estão a violência policial (especialmente a violência direcionada a uma determinada parcela da população), o sistema carcerário brasileiro, a investigação das origens da violência no Brasil e o papel da educação e da cultura na continuidade dos atos violentos, entre outros.
    Entre os pontos levantados no debate, um dos que mais me chamou atenção foi a necessidade de se propor uma polícia mais adequada para a nossa sociedade, em vez de apenas nos limitarmos a criticar (com razão) a atual polícia militar e o seu modo de agir.
    Realmente, embora seja consensual que a PM precisa ser repensada, ainda se vêem poucas propostas concretas de como seria essa nova polícia. Parece-me que a primeira mudança a se buscar refere-se ao critério racial que é utilizado nas abordagens ou operações. Uma nova polícia deveria tratar os infratores de forma igualitária, sem distinção por "cor" ou renda. Entretanto, embora a PM seja historicamente marcada por esse tipo de preconceito, boa parte da população brasileira parece compartilhar das mesmas ideias desta instituição. Assim, é razoável inferir que a PM é reflexo da nossa sociedade, e uma nova polícia só seria possível a partir de uma cultura menos racista e, portanto, livre de associações do tipo “preto e pobre = potencial infrator”. O preconceito de classe e de “cor”, por sua vez, só seria amenizado caso tivéssemos de fato uma sociedade mais igualitária, onde associações ente classe, cor e potencial para cometer crimes violentos (furto, assalto, latrocínio, etc.) fossem mais difíceis de fazer. Resumidamente, uma nova polícia parece quase inviável em um país marcado pela desigualdade.

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  9. Após assistir esse debate fiquei positivamente impressionado com o ponto de vista de Luís Eduardo Soares sobre a forma de trabalho da polícia militar quanto ao público que segundo ele, a polícia militar se propõe a "caçar" , nunca havia pensado dessa forma mas faz todo sentido, se a polícia militar está nas ruas atrás de um determinado perfil de criminoso, procurando autuar flagrantes para que possa ser dada a voz de prisão, e, por outro lado, a sociedade cria um sistema que desfavorece totalmente uma determinada parcela da sociedade, é a equação perfeita para resultar no público encarcerado no sistema prisional brasileiro atualmente e consequentemente no fortalecimento do preconceito referente a essa parcela desfavorecida da sociedade.
    Enquanto outras centenas de criminosos que não atendem aos critérios da "caça" ficam impunes porque os olhares não estão voltados para eles, e convém para eles que o sistema continue funcionando assim.
    Quando a primeira pergunta feita pelo público que assistia ao debate é lançada, pergunta essa que se refere entre outras coisas, ao porquê de meios de cultura (livros, filmes, etc) relacionados a violência atingirem maior número de vendas que os filmes e livros que não trazem quadros tão violentos em seus roteiros, percebi que os debatedores tem opiniões parecidas de que os meios de cultura podem sim conter traços fortes de violência para levar a uma reflexão, nesse ponto eu discordo parcialmente dos debatedores porque acredito que conteúdos de extrema violência fazem mesmo que indiretamente apologia à violência, e um exemplo disso são os diversos atentados protagonizados por jovens americanos que mataram diversas pessoas em locais públicos, quando suas vidas particulares eram investigadas notava-se um quadro comum, esses jovens consumiam diversos produtos com extremo conteúdo violento (games, filmes, músicas, coleção de armas, etc), outro exemplo em território brasileiro são as famosas músicas no ritmo funk conhecidos como "proibidões" que fazem apologia a violência e a crueldade com aqueles denominados inimigos seja a polícia, seja os traficantes rivais, esse tipo de música encoraja jovens a morrer ou matar por uma determinada facção criminosa obtendo o status de herói.
    No demais achei que esse debate poderia ser mais acirrado e construtivo se houvesse algum debatedor com opiniões diferentes, por exemplo na questão da desmilitarização da polícia militar, que ao meu ver, deve ser tratado com cautela enquanto houver essa desigualdade social absurda que existe no Brasil.

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  10. O debate é muito interessante, foca em vários temas sociais como racismo, opressão, educação, genocídio e militarização. O senhor Luiz Eduardo tem uma visão critica sobre a Policia Militar, reforçado pelo senhor Vlademir. OSr Jaime tem uma visão mais voltada para a Educação, quando cita que há uma cultura de massa focada para a violência, por exemplo, a mídia versus uma melhor atuação na Educação. A violência esta presente na sociedade brasileira. A falta de confiança em sua policia (66% não confiam) e apenas em 8% dos casos há algum resultado, dificultam esta relação. Se nos trazermos este tema para o dia de hoje, após as chacinas que ocorreram em Osasco, o cenário piora.
    A educação e a criação de um novo modelo para a P.M. seria uma solução para o impasse que vivemos. O que vemos de fundo neste debate é que devemos refletir melhor sobre os temas segurança e educação, eliminado erros do passado e não deixarmos que ocorram situações degradantes de violência generalizada.

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  11. As horas de debate são fundamentais para uma compreensão abrangente acerca da questão da violência, sobretudo no ponto de inflexão entre a invisibilidade de subgrupos e o processo de educação no nosso país, como produtor de um ostracismo em relação à violência em prol da manutenção do Estado, que de uma forma ou de outra culminam no processo de institucionalização da violência - o que eu considero como a manifestação mais descarada da violência. A saber, as desigualdades e disparidades sócio-econômicas são colocadas à esmo nos extremos, nas periferias, de modo que tornou-se fundamental para o Estado que se mantenha a película de invisibilidade das contradições presentes em nosso meio. Ora, a aceitação, ou a não reclamação acerca dessa capa de invisibilidade de institucionalização da violência é uma violência em si; seja esse comportamento passivo naturalizado através da disseminação dos discursos de medo ou não, fica claro um enviesamento de toda a estrutura e ordenação jurídica, a exemplo do exercício desvairado de poder pela polícia militar - destaco aqui a ROTA como um monitoramento de contingência da população - onde está o verdadeiro medo, na sociedade ou no Estado? A questão da legimitidade da violência ainda me parece complexa, pos há a questão da sobrevivência, conflitos sociais, etc.. mas talvez outros debates possam esclarecer minha opinião.

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