Marcas da violência de David Cronenberg
Tom Stall (Viggo Mortensen) leva uma vida tranquila e feliz na pequena cidade de Millbrook, no estado de Indiana, onde mora com sua esposa Edie (Maria Bello) e seus dois filhos. Um dia esta rotina de calmaria é interrompida quando Tom consegue impedir um assalto em seu restaurante. Percebendo o perigo, Tom se antecipa e consegue salvar seus clientes e amigos e, em legítima defesa, mata dois criminosos. Considerado um herói, Tom tem sua vida inteiramente transformada a partir de então. A mídia passa a segui-lo, o que o obriga a falar com ela regularmente e faz com que ele deseje que sua vida retorne à calmaria anterior. Surge então em sua vida Carl Fogarty (Ed Harris), um misterioso homem que acredita que Tom lhe fez mal no passado.
A exibição será hoje das 17h às 19h na sala 203 do Alfa I em SBC.
O filme será exibido na sala 203 do Alfa I
ResponderExcluirAto 1
ResponderExcluir“Marcas da violência” é talvez na nossa lista de filmes o que mais goste, sabendo inclusive que “Bastardos Inglórios” está nela. Não só pela execução, mas em especial pela atuação de uma pessoa que dá o centro do filme, o torna real, e não é o Viggo Mortensen.
Os vilões. Vamos estabelecer os vilões numa cena que dá o tom de câmera do filme, câmeras paradas, movimento lento, na qual descobrimos sua crueldade e frieza com o caminhar da câmera seguindo um deles num ato completamente banal se não fosse o cenário. Esse “jeito” de ir descobrindo o cenário liga essa cena a outro filme dessa nossa lista, que usa muito esse recurso durante a projeção: Baixio das Bestas. O fechamento do caráter dos vilões é fazer algo impensável em Hollywood, que já justifica a classificação R do filme na abertura: Matar uma criança. Você não escapa da classificação R se fizer isso, o que aliás deixou os produtores de “Harry Potter” bem preocupados na época da sua produção, mas enfim, isso é outra história.
Ainda na apresentação dos vilões, vou acabar traçando um paralelo (que vai se repetir) com o filme do Haneke, “Violência Gratuita”, com a licença dos fãs de Haneke, mas na construção dos vilões temos aqui uma dianteira do Cronenberg. Óbvio que não temos neste filme como dimensão da personagem a possível personalização do Haneke nos seus vilões, como discorri no post do filme dele, mas é uma construção de vilão mais eficiente dentro do seu propósito. Na minha opinião, claro.
Logo após sermos apresentados aos vilões, temos o que torna para mim esse filme real, e superior na minha opinião a “Violência Gratuita” e talvez mesmo a “Bastardos Inglórios”: A mãe. Nem a mãe do Haneke nem a mãe de Bastardos (e ela existe, veremos no post do filme daqui alguns dias) é tão real quanto a mãe do Cronenberg. Mais especificamente, a Maria Bello torna este filme de gângsteres em um drama de família.
Desde a sua primeira cena, sua personagem traz um grau de calor para aquela família, tanto afetivo quanto sexual, que faz com que em alguns momentos sintamos falta do Viggo, apesar de sua boa atuação. E essa atuação da Maria é essencial, porque ela tinha a missão de tornar um dos pontos mais críticos do roteiro em um fato crível: Um herdeiro e assassino frio da máfia largar sua vida criminosa por amor. Pareceu piegas? É uma fala rápida, mas vão lembrar disso “Só nasci de novo após conhecê-la”. Em tempos cínicos como os que vivemos (já diria Jerry Maguire), esse detalhe do roteiro teria octanagem para desmontar o filme todo. Todos nós já ouvimos em algum lugar a frase: “O amor não constrói nada”. Pois bem, a Maria criou uma personagem tão complexa e magnética, a Edie, que tornou absolutamente crível esse virada na vida do Tom/Joey. Se pensarem bem, esse Crepuscular clichê usado em tantos filmes menores passa meio despercebido aqui. Isso acontece por causa dela, e isso é difícil.
Ela não foi indicada ao Oscar, o que é um pecado, pois com certeza ela tiraria qualquer uma daquela lista de indicadas à atriz coadjuvante em 2006, com exceção talvez à ganhadora daquele ano: Rachel Weisz por “O Jardineiro Fiel”, numa outra atuação incrível, que impediu o Oscar de cometer um erro terrível. Mais um.
Quando os vilões da sequência principal encontram o restaurante de Tom, e já sabíamos que eles iam cruzar o caminho daquela família, vemos um outro paralelo interessante com “Violência Gratuita”: Neste filme sabíamos quem eram os vilões e quem era a família vítima, no “Violência Gratuita” também. A diferença é que Cronenberg nos enganou, já Haneke nos permitiu somente tentar adivinhar a ordem das mortes.
Ato 2
ResponderExcluirNa primeira cena em que vemos Joey, o Viggo nos mostra que até o final do filme vai ser possível para ele nos mostrar claramente uma distinção entre Tom e Joey.
E nesse ponto precisamos fazer uma menção honrosa à tradução do título, no Brasil temos uma capacidade impressionante de estragar os títulos dos filmes, mas com brilhantes exceções, para citar dois exemplos: “Mystic River” que se tornou “Sobre Meninos e Lobos” e “Atonement” que se tornou “Desejo e Reparação” (talvez um tradutor fã de Jane Austen?). E nessa lista incluímos “A History of Violence”, que se tornou “Marcas da Violênica”. E é difícil aceitar que quem fez essa tradução não viu o filme, pois ela é um retrato fiel do filme. Cada uma das personagens principais tem marcas de violência, mostradas na projeção em diferentes perspectivas, mas todas girando em torno de Joey.
A marca da Edie (Maria Bello): Temos uma cena de sexo consentido ou não (isso provavelmente só a Edie saiba) na escada entre ela e Joey, e algumas cenas após ela chorando num quarto iluminado pela lua com o quadro mostrando claramente uma marca nas suas costas por causa da escada. O Joey fez aquela marca e não a escada. Podemos dizer que a violência (Joey) a tocou intimamente, isso ilustrado sexualmente na escada, mas esse ato é uma reflexão desse toque da violência sobre sua família e sobre aquele modo de vida que tinham, que havia se perdido naquele ponto.
A marca de Ashton (o filho): Um assassinato. Para salvar Joey, que estava para ser morto, Ashton mata Carl Fogarty (Ed Harris), e Joey se aproxima dele num misto de satisfação e desespero, pois sabia que agora seu filho como ele próprio estavam sujos de sangue, fato demonstrado literalmente na cena inclusive.
A marca de Carl Fogarty (Ed Harris): A mais evidente no filme, e como a marca da Edie, foi causada pelo Joey, está estampada na face dele.
A marca do vilão Richie Cusack (William Hurt): Representando bem um vilão que por mais caricato que seja, também tem uma forte marca: Ter tentado matar o irmão mais novo ainda no berço. Ato possível graças á sua psicopatia, fato que provavelmente pelo diálogo dele com Joey o demoveu da posição natural de herdeiro dos negócios da família como irmão mais velho. É crível que mesmo as famílias da máfia teriam sérias ressalvas a uma pessoa tão instável no comando dos negócios naquela localidade.
A marca do Tom (Viggo Mortensen): A marca do Tom é o Joey. Tão cicatrizada mas ainda presente quanto a do Carl, esta marca, como a do Carl, também está na sua face. Pela sua fisionomia sabemos se estamos falando com Joey ou Tom, graças à boa atuação do Viggo.
O fim. Cronenberg no fim ofereceu uma visão bem mais otimista de mundo sobre suas personagens do que a de Haneke. Se Haneke reservou aquele mundo como espólio eterno a suas personagens sádicas, Cronenberg por sua vez num filme ironicamente mais crível, mais quente e em vários momentos mais gráfico que o de Haneke, se reservou o direito de lhes dar uma nova chance de tentarem novamente. A última imagem que Cronenberg quer que tenhamos daquela família não é a das manchas de sangue, mas sim a da mesa, a da tentativa de reconstruir, e sem nossa presença. Um gesto de boa fé que foi embrionado na reação de Edie frente a iminente desconstrução da farsa do marido pelo Xerife, ocasião em que Tom estava a ponto de confessar, mas Edie o trouxe de volta para ela. Pela segunda vez.
De início é retratada a história de um típico bom moço,Tom Stall, com a família unida e estabelecida numa cidadela norte-americana.
ResponderExcluirNum dia qualquer , Tom estava a alguns instantes de fechar seu comércio quando adentraram no estabelecimento dois criminosos.
Nesse momento Tom, com um instinto matador, reage e salva a vida de seus funcionários e clientes ao liquidar com os dois bandidos.
Após o ato heroico, o mesmo ganha um grande reconhecimento midiático o que ocasiona uma verdadeira caçada ao mesmo, pois na realidade Tom Stall era Joey Cusack que anos antes fora um membro da máfia e já havia cometido diversos homicídios, e uma de suas vítimas o reconheceu e começou a perseguí-lo com sede de vingança.
O grande questionamento levantado em "Marcas da violência" é: até que ponto o ser humano pode se redimir de seus atos do passados, principalmente daqueles vinculados a algum tipo de dano causado a terceiros devido a violência? Será que Tom realmente existe ou é apenas uma das faces do matador Joey? Tom abandonou a máfia por estar arrependido ou ele estava apenas fugindo?
Ao traçar um paralelo com a realidade pode-se questionar se é possível, por exemplo, um infrator ser ressocializado e tornar-se um "Tom Stall" , ou seja, um indivíduo que cometeu algum grave crime pode transformar sua vida e se redimir de todo mal que ele fizera no passado?
Particularmente acredito na capacidade do ser humano em ser uma " metamorfose ambulante" e se redimir daquilo que fizera no passado, contudo para que tal façanha seja concretizada, diversos aspectos devem sustentar uma política de ressocialização como apoio psicológico, infraestrutura adequada e educação. Assim, com políticas públicas de caráter construtivo e agregador, há sim a possibilidade de um indivíduo que cometera crimes num passado ser reinserido na sociedade.
RA 21042913
ExcluirO filme é bastante interessante, a principio nos faz duvidar se o Tom foi realmente o assassino cruel descrito, ou não.
ResponderExcluirQuando o filho dele se afasta eu me questionei, pois a atitude dele, modo de falar não havia mudada ainda era seu pai ali, mas porque o desconhecido assusta tanto? Qual a razão de temer tanto alguém por descobrir que o seu passado foi diferente do que imaginamos? Eu entendo que seria um choque mas pensei como é difícil criar confiança e como é fácil destruí-la.
Eu achei a ideia do filme interessante, e fica reflexão, até onde o ser humano pode mudar, até lembrei de uma discussão em classe quando um colega citou um amigo dele ex-presidiário e as dificuldades do mesmo para restabelecer na sociedade.
em bora a ideia seja maravilhosa, eu senti falta de algo que me prendesse mais a atenção, como no filme Funny Games.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirApós terminar de assistir o filme, eu pensei “esse filme não é muito violento”, refletindo sobre o assunto cheguei à conclusão que não achei o filme violento porque excluindo a cena do inicio, a violência demostrada nele é uma violência moralmente aceita.
ResponderExcluirQuando Tom mata os dois bandidos que assassinaram as pessoas no hotel até dá um alivio, que dali para frente está tudo certo, que não tem nenhuma pendência. O legal dessa cena no meio do filme é que após ela você pensa e agora como esse filme vai continuar?
Quando Jack é provocado no colégio e ele não revida sendo humilhado seguidamente dá um desespero! Assim na cena que ele bate nos dois valentões e manda os dois para o hospital, mais uma vez senti que foi uma violência justificada, pois eram dois contra um, os valentões não tinham um motivo para atormentá-lo, e em terceiro ele já vinha evitando ser violento a um tempo.
Na parte final onde Tom mata seu próprio irmão e os comparsas dele, novamente o telespectador é levado a pensar “ainda bem que ele fez isso agora pode viver em paz”. Ao voltar para sua família Tom é aceito e fica com o papel te homem protetor do lar.
Após ver o filme ficou claro para mim como creditamos que a violência pode ser a solução para diversos problemas, como acreditamos que a violência pode ser moralmente aceita, isso é de extrema gravidade, pois quando esse pensamento está disseminado todos se sentem no direto de usar violência para combater a violência.
Apesar de logo na primeira cena, dois homens matarem friamente funcionários em um hotelzinho é um dos filmes, que assistimos, menos violento.
ResponderExcluirTalvez seja por que já estamos acostumados a ver isso em filmes e programas de tv a todo momento.
As cenas de violência são bastante chocantes, mas ao mesmo tempo são bem naturais.
O apice do filme é descobrir se o personagem principal é mesmo quem ele diz ser.
e quando descobrimos que no passado ele foi um membro da máfia que matava e fazia todas as coisas que os mafiosos fazem, ficam as dúvidas: sera que ele mudou mesmo? Por que saiu da máfia ?
O filme nos leva a aceitar que usar a violência contra a violência é o correto. POis é o que o personagem principal deveria fazer.
Parece que todos nós temos um certo gostinho pela vingança.
Mas depois, analisando melhor, o que mais me perturbou foi que aceitei essas mortes tão fácil. Parece uma coisa banal, super comum do dia-a-dia. Isso me de um incomodo muito grande.
Apesar de logo na primeira cena, dois homens matarem friamente funcionários em um hotelzinho é um dos filmes, que assistimos, menos violento.
ResponderExcluirTalvez seja por que já estamos acostumados a ver isso em filmes e programas de tv a todo momento.
As cenas de violência são bastante chocantes, mas ao mesmo tempo são bem naturais.
O apice do filme é descobrir se o personagem principal é mesmo quem ele diz ser.
e quando descobrimos que no passado ele foi um membro da máfia que matava e fazia todas as coisas que os mafiosos fazem, ficam as dúvidas: sera que ele mudou mesmo? Por que saiu da máfia ?
O filme nos leva a aceitar que usar a violência contra a violência é o correto. POis é o que o personagem principal deveria fazer.
Parece que todos nós temos um certo gostinho pela vingança.
Mas depois, analisando melhor, o que mais me perturbou foi que aceitei essas mortes tão fácil. Parece uma coisa banal, super comum do dia-a-dia. Isso me de um incomodo muito grande.
Marcas da Violência é um filme que aborda questões complexas sobre humanidade e como é criada a identidade humana. O diretor Cronenberg fez um filme preciso sem exageros a não ser em certas cenas de violência.
ResponderExcluirO filme gira em torno da ideia se existe de fato regeneração das pessoas que um dia tenha feito atos violentos, bárbaros e se isso influenciara sua vida para sempre.Os expectadores é obrigado a uma reflexão sobre a violência intrínseca, se todos em momentos de situações-limite deixamos aflorar essa violência se todos temos o instinto violento. Outro ponto é o julgamento da sociedade, é possível redimir-se perante a sociedade? As pessoas realmente se regeneram é verídica essa mudança?Não acredito que hoje a sociedade aceite essa regeneração, e ainda acho que mesmo com a punição do violentador, por exemplo as penas que pagam nas cadeias, a sociedade não acha suficiente e sempre o julgará pelo ato cometido. Esquecer uma violência parece impossível tanto para quem comete como para quem sofre.
O clima familiar de Marcas da Violência não funciona como um artificio pra surpreender o espectador. Toda a atmosfera do início do filme parece ter sido criada só para ser mais prazeroso destruí-la no decorrer do filme.
ResponderExcluirExistem dois protagonistas “numa luta moral”, interpretado por Tom (que antes era Joey). Dá a impressão de que dentro do corpo do cara ainda exista as duas personalidades, e constantemente parece dizer para si mesmo algo do tipo “ok, cada um teve sua hora, agora vamos ver quem fica pra valer”.
Há vários episódios de violência de Joey no filme, violência essa “aceita” por todos. E o sadismo de Joey é tão pertencente a esse universo da fantasia, do surreal, que se espalha como uma doença, afetando inclusive a mulher e o filho. São as possíveis marcas da violência que se refere o título do filme.
Claramente, o filme traz à tona o questionamento sobre se o real arrependimento é possível. Não só o arrependimento, mas também a aceitação da sociedade sobre aquele que precisa recomeçar.
ResponderExcluirQuando tratamos de Tom e Joey, colocamos em foco não uma violência física, mas moral. O relacionamento de Tom com as pessoas ao seu redor é posto em xeque, uma confiança supostamente inabalável é facilmente derrubada, podendo-se, assim, analisar como uma atitude de um indivíduo (mesmo que realizada no passado) pode expandir-se e afetar a todos que, de algum modo, podem se relacionar com aquilo.
Particularmente, eu me questionei se Tom e Joey são duas faces diferentes de uma mesma personalidade psicologicamente instável ou um pedido desesperado de renovação.
Outro ponto-chave do filme que me deixou pensativa foi quanto à aceitação da violência mediante algumas circunstâncias. Quando o indivíduo é condicionado àquilo ou colocado numa situação em que essa violência torna-se "adequada" ou, pelo menos, aceita.
Ao pesquisar sobre o título original deste filme, “A history of violence”, reparei que, de fato, o título original já deixa implícito que não será apenas uma trama comum, uma story, mas também uma História, com letra maiúscula, que será retratada nos Estados Unidos dos xerifes que tomam café em suas casas, dos chapeiros que dizem bom dia, das filhinhas loirinhas que botam a mesa do jantar. Além da lanchonete do solícito e inofensivo Tom, outro ambiente que tem importância no filme é o colégio, onde Jack, filho dos Stall, educado para nunca revidar, sofre aqueles abusos de poder do “valentão” do colégio. Pode parecer que o diretor Cronenberg acredita, de fato, nessa encenação, nos mocinhos de puros e de bons valores. Mas isto está muito equivocado, porque este filme é uma obra típica de um gênio dissimulado, onde por debaixo de todo aquele tradicionalismo, muito bem esquematizado, está um subtexto, uma visão de mundo que não tem nada de banal e que irá desconstruir toda aquela imagem de normalidade e senso comum.
ResponderExcluirEste é um filme que me surpreendeu. No começo, não imaginava que estavam prestes a vir várias cenas explícitas de violência, com direito a muito sangue, fraturas expostas e agressões físicas, mas o filme mostra tudo isso de uma forma cruelmente crua. O filme tem um ponto de inversão, ao meu ver, que é quando o carro preto chega à lanchonete onde o personagem principal (Tom Stall) trabalha, algum tempo depois de ele ficar conhecido por ter escapado de um assalto. A partir deste ponto a história perde seu clima mais pacato, dando um lugar a um ambiente tenso e cheio de expectativas e perguntas sem respostas. Além disso, os estereótipos ficam muito claros no filme, uma forma do diretor generalizar as situações mostradas no filme para o país inteiro, onde o mais “forte” se sobrepõe ao outro, mesmo que para isso seja necessário derramamento de sangue.
ResponderExcluirMarcas da violencia é um filme emblemático desde sua cena inicial onde a filha de Tom Stall tem um pesadelo em que dois homens assassinam diversas pessoas no que aparenta ser um comércio.
ResponderExcluirEssa passagem já nos transmite o que virá a acontecer dali em diante. Tom Stall que aparentemente é um simples comerciante duma cidadezinha do interior norte americano revela-se um matador nato quando seu estabelecimento é invadido por dois assaltantes. Naquele momento ele reage e acaba matando os criminosos.Tamanha a repercussão dada ao caso, Tom torna-se celebridade nacional e, infelizmente, para ele, essa fama não seria bem vinda.
Com o desenrolar do filme, o passado do Tom vem a tona e é revelado que ele era um matador de aluguel que tentara mudar de vida após anos de matanças e perseguições.
O questionamento que fica no ar em relação a essa história é: será possível um indivíduo se transformar de um matador para um exemplar pai de familia? Eu acredito que todos precisamos de uma segunda chance, mas será que Tom stall foi merecedor da mesma e efetivamente se transformou num cidadão de bem? Pela cena final me deu a impressão que a própria familia depois de tanto sofrimento viu que o mesmo se redimiu apesar de um passado tão nebuloso.
O filme Marcas da Violência é bastante envolvente, apresenta cenas de violencia e o mais interessante são as interpretações que nos levam a diferentes tipos de análise. O personagem principal (Tom Stall) que vive bem em uma cidade do interior com sua família vê sua vida mudar quando em sua defesa mata dois criminosos. A partir daí, o personagem vira alvo da mídia e a fama traz grandes turbulencias para sua vida. Vem a tona o passado de Tom, que revela ter sido um matador de aluguel e viu a necessidade de mudar de vida após anos praticando o crime. A questão chave do filme é sobre a aceitação de indivíduos que se redimiram do seu passado, passaram por uma mudança mas ainda assim são vistos com desconfiança pela sociedade e sofrem dificuldades para integração social. Tom aplicou violencia fisica e direta e posteriormente foi lhe aplicada uma violencia objetiva, uma vez que com alcunha de assassino, foi praticamente segregado da sociedade, e por mais que em liberdade, nunca iria conseguir se adptar ao convivio social e ser visto como um indivuduo normal.
ResponderExcluirRA 21014213
Marcas da Violência (A History of Violence) é um filme que mostra como um passado de envolvimento com o crime e com a violência pode continuar refletindo na vida, mesmo após todas as marcas terem sido apagadas (supostamente).
ResponderExcluirTom Stall, personagem central da trama, antes era Joey, uma espécie de assassino envolvido com a máfia, que tentou uma nova vida numa cidade pequena e afastada nos EUA. Porém, suas técnicas "profissionais" de defesa que foram utilizadas quando este precisou delas, acabaram chamando a atenção de seus antigos "amigos" de trabalho.
Desta forma, já que não pode contar com a ajuda do sistema, Tom terá que dar conta sozinho de resolver o grande problema que foi ter reencontrado seus agora inimigos, de maneira que, paradoxalmente, o que lhe colocou em sérios apuros (suas técnicas assassinas) se tornou justamente a única coisa que pode lhe salvar.
A história tem um final "feliz", visto que Tom consegue salvar sua pele e de sua família, porém sabemos que o comum de histórias como esta, em que a violência marca o passado das pessoas, finais felizes não são tão frequentes. Tom se recuperou, deixou o crime, e isto aparentemente por sua própria consciência. Porém quantos iguais a Tom surgem por aí? Será que nossa sociedade é capaz de ajudar na recuperação de assassinos e criminosos ou só depende mesmo da própria boa vontade dos mesmos?
Outro fato a ser colocado é o da simpatia que o filme nos faz ter pelo personagem, mesmo com todo seu histórico de violência. Seria isso próprio do cinema e da ficção? Ou é algo que também acontece com casos reais? Creio que estas são perguntas interessantes a se fazer após assistir a filmes como este.
Em Marcas da Violência, a violência é mostrada como fator componente da sociedade americana. Por mais que os valores morais sejam, como sempre, impostos, ainda podemos notas a violência de forma sempre presente ao estereótipo do americano. Talvez seja por isso que o filme trate com certa naturalidade a violência dos assassinatos que ali ocorrem, inclusive o da criança do início do filme. Outra forma de violência tratada pelo filme é a que ocorre nas escolas. As brigas e os estereótipos típicos do bullying também aparecem como algo de forte presença nas sociedades (não apenas na americana).
ResponderExcluirFocando na história principal do filme, se descobre que Tom Sall é na verdade Joey Cusack, um membro da máfia que matava de forma natural, por dinheiro e diversão. No entanto, o filme que até ali mostrava Tom como um homem correto, nos mostra por meio de cenas como a em que ele e sua mulher estão na escada que é a violência é um vírus que sempre estará presente em sua identidade. Como o colega Lenin muito bem escreveu, as “marcas da violência” podem ser vistas de forma direta ou indireta em quase todos os personagens.
O filme, numa análise mais ampla, trata sobre a banalização da violência. Mostra como a violência é, muitas vezes, vista por nós como algo normal e natural. À primeira vista, o filme pode não parecer tão violento, mas é a sua interpretação e aquilo que não é explícito que nos revela seu viés extremamente violento.