Uma família em férias recebe a inesperada visita de dois jovens profundamente perturbados em sua casa de campo, aparentemente calma e tranquila. A partir de então suas férias de sonhos se transformam em pesadelo.
O filme original de M. Haneke é austríaco e foi lançado em 1997. Em 2007 foi lançada a versão americana com o título "Funny Games U.S." A estrutura narrativa das duas versões é a mesma.
Exibiremos no Cineklubrick a versão original, mas os comentários do blog podem ser feitos a partir de qualquer versão.
Nunca tinha assistido o filme. Gostei muito e foi realmente impactante e perturbador. Nele foi possível perceber que o cliché "final feliz" está ausente. A violência prevalece e o mal deve ser contado e recontado, de forma a inserir o espectador no cenário; como alguém escondido atrás de alguma porta ou cortina ao observar as ações dos algozes e as reações nas vítimas. Pudemos constatar isso na cena após a morte do filho onde "observamos" a reação atônita e imóvel da mãe por minutos, numa câmera friamente estática pelos mesmos minutos, tendo a pouca iluminação (quase ausente, assim como a ausência de trilha sonora original) como testemunha. A captação da agonia foi bem sucedida e a tentativa de imersão de quem assiste também. Foi possível ver a progressão da insanidade dos algozes e vítimas até seus momentos derradeiros de ação criminosa e morte respectivamente.
ResponderExcluirA amarração do roteiro também foi algo louvável quando observamos, por exemplo, a última tentativa de sobrevida da mãe ao tentar pegar a faca no barco para cortar as amarras de suas mãos. Esta mesma faca que o filho pegou com a mãe para levar ao pai no momento em que se preparavam para uma tranquila manhã de pescaria... que não ocorreu.
O filme procurou mostrar a violência como forma de "lazer" quando mentes perturbadas e tédio se somam a insanidade. Não sei porquê mas esse filme me lembrou muito um caso "famoso" de violência extrema e gratuita que ocorreu na Ucrânia e pelas "deepwebs da vida". O famigerado e real vídeo 3 guys 1 hammer, o qual me arrependo de ver até hoje, onde 2 jovens matam um idoso a marteladas e perfuram seu abdômen com uma chave de fenda enquanto um terceiro filma tudo com uma câmera, supostamente para vender o filme para maníacos ricos e ávidos por violência gratuita no mais estiloso snuff film. No fim desse vídeo, um dos assassinos lava suas mãos e rosto, exatamente como vemos após o fim da mãe em Violência Gratuita.
Em suma, o filme relata a violência perversa tendo a insanidade como pano de fundo. A estética e o fascínio pelos atos violentos, talvez, foi uma forma de alerta do diretor sobre como vemos e assimilamos a violência que nos rodeia, como se deixasse a pergunta para nós espectadores: Será que você sabe mesmo sobre violência?? E será que você a abomina de fato? Fica a provocação.
O filme retrata um violência pouco perceptível, de início, pela linguagem. É uma violência implicita no tom da voz do vilão, e nas atitudes provocativas, como deixr cair os ovos várias vezes, ou deixar o celular cair na água. A dona da casa, com uma boa intenção, está a todo momento tentando ajudar, mas o erro é sempre repetido. Então os rapazes dizem estar espantados dela estar irritada, sendo mais um motivo de revolta. Os rapazes então acusam a senhora de estar irritada apenas pelo celular ter caido e pelos ovos. A primeira vista não é motivo de irritação, mas ao passar pela situação um ser humano comum fica irritado.
ResponderExcluirQuando os moradores já estão detidos como reféns os bandidos são questionados do porque fazem isso. Respondem ironicamente que é por causa das drogas, ou por causa da família, escondem o verdadeiro motivo: o prazer pela violência gratuita, sem fins. Os questionamentos aqui é se esse tipo de violência, desinteressado, sendo a violência em si mesma, não é a maior das violências; outra questão é se, no fim praticamente todo tipo de violência não acaba sendo uma violência gratuita, no sentido de que o fim almejado por uma violência, do tipo estuprar, ou roubar, não acaba sendo um fim ilusório, passageiro e trivial.
O filme faz uma contraposição com a violência mostrada na TV, que mostra cenas horríveis, mas não mostra o que é a violência em si mesma, como demonstrada pelos rapazes. O filme coloca no cenário a violência real, a violência objetiva posta em cena.
Uma questão psicológica importante é como e possível uma frieza e "maldade" de espírito tão grande. O filme nos leva a questionar se realmente o homem tem uma essência boa, ou se pode a pura maldade definir um sujeito.
O autor do filme pretendeu levar até as últimas consequencias essa violência gratuita, quando o espectador pensa que somente a menina morreu, e que ainda teria alguma salvação o cenário de maldade se reestabelece, mostrando que a vida real não é como aquela mostrada nos filmes. No caso de Violência gratuita não é o Bem que direciona o roteiro, mas o mal. O filme também mostra o ímpeto incessante pela vida, quando os moradores pensam haver a última chance e, acreditamdo piamente que poderiam se salvar. O filme mostra que a vida é uma busca insaciável por mais vida sendo que no fim dessa busca há o sacrifício, finalizando a tragédia.
Otoniel
Em violência gratuita temos dois jovens que com muita educação se apresentam a uma família, em sua casa de veraneio, como sendo convidados de seus vizinhos e aos poucos, sem sair do tom calmo e educado, vão mostrando a real intenção da visita. Vemos nos personagens uma referência a Alex, do filme Laranja Mecânica, na maneira como se vestem e no uso da violência de forma natural, sem alarmar. Os jovens fazem a família de reféns e iniciam uma espécie de jogo de tortura, com agressões e incitações a violência física, psicológica e sexual.
ResponderExcluirA proposta do diretor era fazer uma crítica ao modo como a violência é vendida nos filmes e como é comprada por seus expectadores, assim, em diversos pontos do filme o personagem Paul quebra a “quarta parede” e fala diretamente ao expectador, com questões e comentários como “É isso que vocês querem ver?” e “Está bom assim?” além de usar de olhares e sorrisos em direção a câmera. No filme não há muitas imagens fortes de violência, apenas no momento em que o companheiro de Paul é baleado, as outras situações de violência são apenas incitadas a fim de que a cena seja imaginada por quem a assiste. Em um momento, Paul não concorda com o que acontece e procura desesperadamente um controle remoto, ele volta a cena e muda seu destino, a ideia do diretor neste momento era mostrar como a violência vendida é manipulável, mas assim como os momentos em que Paul se refere diretamente ao expectador, essa cena destoa do restante do filme quando deveria parecer natural. Ao longo do filme, a família sofre agressões e é assassinada, de maneira fria e através de jogos, mas sem causar incomodo ao expectador. O ponto alto do filme é um diálogo entre os jovens que se questionam qual a diferença entre real e ficção e ainda se a violência na ficção não seria uma violência real, pois podemos vê-la.
O filme original estreou em 1997, em alemão e um remake hollywoodiano foi lançado dez anos depois. A versão mais recente não difere em nada da original, todos os quadros e diálogos são mantidos. Michael Haneke faz uma crítica ao modo como a violência é vendida e ao prazer que temos em comprá-la, um questionamento importante que ficou mal ilustrado em sua obra.
O filme "Violência Gratuita" mostra cruelmente, mas ao mesmo tempo com sutileza, a naturalização e aceitação da violência como parte do nosso cotidiano. De fato é comum nos dias de hoje, seja na TV ou Internet, observarmos conteúdo violento como algo "natural", mas não por ser algo que concordamos, mas sim por ser comum. Seríamos nós coniventes com essa violência a qual estamos sujeitos simplesmente pelo fato de sermos omissos? Ou ainda, estaremos nós financiando essa "indústria", seja comprando conteúdos que nos disponibilizem este tipo de material, ou ainda aceitando que este tipo de material nos seja exposto? É este o questionamento (ou provocação, se preferir), que o diretor Michael Haneke deixa claro com as cenas em que os jovens perturbados, protagonistas deste massacre, entram em contato direto com o espectador, quebrando o que, na linguagem do cinema, é chamada de "quarta parede", com aparências que mostram algo do tipo "Estão gostando?", "Estão satisfeitos com o que estão vendo?", ou ainda, "Querem mais?". Apesar disso, as cenas violentas do filme não são mostradas, cabendo ao espectador imaginar o que está ocorrendo naquele massacre.
ResponderExcluirOutro ponto importante a ser mostrado é a atmosfera que o diretor cria, um ambiente silencioso (colaborado inclusive pela ausência de trilha sonora na maioria das cenas do filme), no qual o que salta aos nossos ouvidos são apenas os sons do massacre que está acontecendo, gratuitamente, com uma família comum, que apenas gostaria de ter passado um final de semana tranquilo em sua casa de campo.
É factível que a violência está banalizada em nossa sociedade, na qual podemos ver muitas pessoas com posse de vídeos com conteúdo explicitamente violento como forma de socializar com outras pessoas, já que isso de alguma forma chama a atenção, positiva ou negativamente. Vendo o filme, julgo que cabe uma reflexão para os espectadores: até que ponto devemos ficar omissos à violência? A violência na ficção realmente deve ser vista como meio de entretenimento? Somos, de alguma forma, cúmplices da violência gratuita, tão banalizada na sociedade atual?
Rodrigo de Oliveira Barbosa - 11024411
Violência gratuita é um filme que carrega uma crítica interessante, mas com uma abordagem que deixa um pouco a desejar, algumas críticas são feitas como extrema sutilezas enquanto outras são voltadas ao expectador de forma direta, saindo um pouco do ritmo do filme.
ResponderExcluirA proposta do direto Michael Haneke de criticar a violência que os filmes de Holliwood carregam com a abundância de sangue e cenas de torturas e os espectadores que clamam por isso é notável no filme, a ausencia dessas cenas estimulam nosso cérebro a criar as imagens e ao mesmo tempo vemos um desconforto dos espectadores por esperarem essas cenas prontas, nesse ponto fica evidente o quanto estamos ambientalizados a cenas extremas e como a violência física está banalizada ao ponto de além de não nos causar desconfortos ainda sentimos uma necessidade de vê-las.
Os pontos negativos ficam nos excessos de enquadramentos de objetos que serão utilizados, os diálogos dos vilões com os espectadores, a trilha sonora que não é colocada em alguns pontos e depois é contrastada fortemente no heavymetal e música clássica, e a cena do controle remoto dão um ar de “cinetrash”, penso que esses extremos foram utilizados propositalmente pelo diretor afim de evidenciar alguns pontos que, pra mim, já estavam claros sem essa abordagem extrema, que parece até ofender o poder de interpretação do espectador.
A cena final da conversa sobre ficção e realidade traz à tona a reflexão de que essa violência máxima produzida na ficção é da mesma proporção que a do mundo real, e que essa banalização ocorrida através da abundância das cenas nos influencia negativamente a aceitar isso passivamente.
Thales Monea 21069813
A produção se baseia em diversos aspectos relacionados a violência dentre os quais eu destacaria a estética da mesma que foi o que mais se destacou, no meu ponto de vista, durante o longa metragem.
ResponderExcluirA cada cena há um cuidado minucioso que evidencia o quão relevante é a simbolização da violência através de sua estética, e o filme nos incentiva a vangloriar tal fato por não exibir explicitamente como ocorre os assassinatos do pai e do filho e nos deixa livre para "criarmos" esteticamente como ocorrera tais brutalidades.
Achei o filme muito interessante, pois o autor praticamente não utiliza trilhas sonoras o que permite, a nós espectadores, vivenciarmos a cada cena aquele macabro ambiente de medo e apreensão. Além disso, os personagens são muito intrigantes, principalmente os metódicos assassinos que durante todo o filme criam expectativas a respeito de qual será o próximo ato de seu espetáculo do medo, que evidencia mais uma vez, só que por outro aspecto,a valorização que a sociedade atribui a estética da violência.
Outra abordagem que pode ser feita é em relação a gratuidade da violência, como a tradução do título sugere. É no minimo intrigante o fato dos adolescentes praticarem tamanha barbaridade sem sequer ter algum álibi para tal terrorismo. O desfecho do filme retrata com precisão como a violência gratuita está enraizada em nossa sociedade e ocorre de maneira sistêmica.
RA:21042913
Este filme me intrigou do começo ao fim. Não sei nem bem o que comentar, estava assistindo com a minha irmã e ficamos impressionados, o terror psicológico me deixou muito mais impressionado do que filmes como jogos mortais, onde o personagem já está com uma parte do corpo amputada e ainda está sofrendo o terror psicológico.
ResponderExcluirAchei em algumas situações o pai calmo demais o que pra mim "estragou" um pouco o filme, mas no geral a narrativa super bem feita, o que assusta neste filme é a sua realidade, eu sinceramente enxerguei estas jovens andando agora aqui na rua, ou em qualquer rua, ele é realmente um filme para mostrar a violência, em uma parte um dos vilões olha para a tela como se estivesse em um programa de televisão falando para uma câmera, e a parte do controle remoto são intrigantes, é uma brincadeira, sem motivo ou com vários motivos.
É como uma grande piada, realmente muito mais assustador do que muitos filmes que usam e abusam da violência física explícita.
Danillo
Vendo o filme como um todo, vemos que a intenção é a amostra da violência porém de uma forma na qual não se encontra uma razão aparente, apenas têm-se a desculpa de uma doença mental, não que esse não seja o caso, até porque não faria sentido discutir o problema como um caso psiquiátrico e fugiria do tema, já que a atitude mesmo que sendo de violência não poderia ser totalmente colocada como culpa de uma pessoa que com distúrbios.
ResponderExcluirMas o caso que vêm a tona é colocar no filme de maneira discreta, porém perceptível de onde surge esse desejo de praticar essa violência, histórias que eles contam sobre eles mesmo, que são histórias que provavelmente ouvira, e os afetaram, o desejo por apresentar algo que sabe que desperta interesse e prazer das pessoas, como a violência dos filmes, podendo ser notada as retóricas em momentos aos quais dizem coisas como se estivessem realente conversando com um público e buscando a sua aprovação como se estivessem cientes de que as pessoas realmente como no caso em “nós queremos entreter os espectadores”, lembra-me uma cena de outro filme, o albergue 3, onde ocorrem apostas para saber com quantas facadas uma pessoa morrerá e os apostadores assistem na plateia sem se importar com a nada enquanto são servidos de bebida, no qual vemos também um exemplo de espetáculo, assim como nesse caso, a violência é somente um jogo, com protagonistas fazendo apostas e jogos durante o jogo com as vítimas sendo obrigadas a obedecer suas regras.
Nota-se também a falta de pressão, não há muitas cenas da crueldade em si, há justamente o comedimento dos assassinos, tão profissionais a um nível no qual tudo é calmo, silencioso, não há necessidade de extravagâncias, simplesmente fazer o que tem que fazer como se fosse só mais um trabalho, porque as pessoas gostam disso. O filme adentra na mente dessas pessoas e procura mostrar o seu ponto de vista sobre a vida, e principalmente sobre a vida das outras pessoas e colocar de forma expositiva essa violência ao qual todos aprovamos, assistimos e muitas vezes gostamos todos os dias em nossos jogos, filmes...mostrando a violência ao qual todos nós incentivamos.
"violencia gratuíta, achei um filme interessante e ousado. Umas das críticas do diretor é a banalização da violência, principalmente nos filmes de Hollywood, e ele teve uma jogada bem inteligente pois ao mesmo tempo que o filme é perturbador, tem uma violencia psicológica,o filme não mostra nenhum ato violento explicito, com a ajuda de sons e jogos de imagens ele deixa a cargo da platéia imaginar as cenas de violência. O diretor quer mostrar que a platéia e cúmplice da violência, através da forma passiva que a sociedade encara a violencia gratuíta que e mostrada de forma vulgarizada, principalmente nos filmes. O diretor nos confronta com a realidade e somos obrigados a uma reflexão.
ResponderExcluirNós expectadores somos acostumados a aceitar as barbaridades cometidas nos filmes de violência explícita, contanto que o agressor tenha uma final tão cruel quanto suas ações bárbaras, e em "funny games" isso não acontece, não existe o "final feliz" esperado e alem de ser uma crítica isso faz o filme mais perturbador.
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ResponderExcluirAto 1
ResponderExcluirEste é provavelmente o primeiro filme do Haneke que vi, mas descobri que dois filmes em minha lista de férias são dele: Amor (2012) e A Fita Branca (2009) que foi escrito por ele.
A primeira sequência busca já criar uma empatia da família com o espectador, apresentando-os através de contato e revelando certa erudição dos pais. É o que dá margem a troca súbita da música, provavelmente feita sem avisar a criança para gerar nela aquela apreensão que talvez não fosse extraída sem esse recurso. É ai que algo começou a me incomodar.
Esta cena, no corte da música erudita para o que acredito ser Death Metal, e no rosto da criança sobreposto pelo título, dá uma mensagem clara: A promessa da violência sádica. Nunca fui muito fã de filmes gratuitamente violentos, com o perdão do trocadilho, mas acreditei que havia algo mais ali que esse recurso. Vou adiantar que não achei o filme fantástico como acho por exemplo, “Marcas da violência” que vou falar em outro post, mas ele é sim interessante em vários aspectos e eu reconheço, que posso inclusive não ter entendido sua proposta.
Dito isso, o filme entregou algumas de usas promessas, outras ele conseguiu me esconder até o final da projeção, o que é bom. Por exemplo, na chegada a casa o cachorro nos avisa prontamente quem são os vilões do filme. Talvez nesse ato esteja um desejo do diretor que notemos com mais cuidado quem eles são desde o princípio. E quem eles são?
Algumas coisas são importantes nos vilões: Reparem que um deles é talvez o único de feições latinas, ou se preferirem o único não alemão em toda a projeção, mais à frente, vemos que ele é o motor e em certa medida manipula o outro vilão do filme, conferindo assim certa indulgência ao vilão de fenótipo alemão. Os dois são homossexuais, e isso faz diferença na projeção em dois momentos: No que demarca a divisão ente a mãe de família e eles, na frase dela: “Não vou me justificar para estes... homo...” e servindo como desculpa para a cena de “retrocesso de fita”, que copiei descaradamente no meu seminário no slide dos peixes. Eu inclusive tinha um peixe que morreu no começo do ano. Que descanse em paz no meu jardim.
Mas voltando ao filme, não consegui definir se estas características étnicas e de opção sexual dos vilões são uma denúncia de caráter, que talvez soasse xenófoba e intolerante, este “tipo” de gente destruindo a família tradicional. Ou se eles representam em sua transgressão uma quebra do que está “errado” naquele mundo perfeito, encarnando assim, um desejo do diretor. Mais a frente a segunda tese parece ganhar poucos centímetros de dianteira. E devo dizer que essa dubiedade, essa dificuldade de julgamento com relação a esse ponto, foi uma coisa que me agradou muito no filme.
Ato 2
ResponderExcluirSobre as promessas às quais me referi:
A faca mostrada em close no começo do filme no barco no final da projeção tem uma importância: Ela é pega pela mãe antes de ser atirada no lago, está claro que ela a usou fora de cena para se soltar. Mas como está claro se não foi mostrado? Não faria sentido o take da faca no começo do filme e dela a pegando a mesma no barco antes de cair na água se ela morresse ali. A mãe escapou.
A cena do garoto com a faca em punho é interessante, faz pensar que ele teria uma participação ativa no final do filme, e junta à cena inicial, onde ele percebe a promessa do diretor através da música, me fez pensar que ele escaparia da carnificina.
Os ovos, a cena dos ovos está recheada de promessas: O cachorro denuncia os agressores, já sabemos que ele será o primeiro a morrer; O telefone quebrado propositalmente; A curiosidade pelo interior da casa; A admiração pelo taco que vai ser usado para matar o cachorro; Eles estão usando luvas;
Quando a agressão dos dois se inicia, já fomos informados dos elementos que seriam usados, uma coisa importante a dizer sobre o pai de família: Ele é chamado várias vezes de “Capitão do barco” pelo agressor principal, mais que uma referência à marina, é uma referência a sua família. E ele é o que mais sofre fisicamente durante a projeção, o que faz supor, pelo destino da mãe inclusive, que ele era a vítima preferencial do diretor.
Nas cenas onde o garoto consegue escapar para uma casa vizinha, descobrimos de que aparelho vinha a música do começo da projeção: Provavelmente naquele exato momento da abertura, a primeira família estava sendo morta ao som daquela música.
A quarta parede, quebrada algumas vezes durante a projeção, é o que pode dar ao argumento de que o diretor não só não estereotipou seus vilões como os “abençoou”. Ao subverter o fluxo natural do filme, ele nos mostra, como já havia mostrado na abertura, que aquele filme tem todos os destinos traçados, que nada ali fugiria desse plano, e nossa eventual torcida para que eles fossem poupados era vã. Vejam bem que quem tem o poder de voltar o filme é somente o diretor. Alguém dirá, mas eu também posso retroceder cenas, sim, mas você as retrocede, não as regrava. É uma mensagem, como a seguinte: “O filme ainda não acabou”. Ele controla a história e diz quando ela acaba. Parece-me o diretor falando. Interessante que essa liberdade de atos dentro da tela faz eco em outro filme dessa lista que estamos vendo, Baixio das Bestas onde “Everardo” rapidamente atesta essa liberdade também atentando contra a quarta parede.
Preciso dizer que o filme, apesar de parecer aberto, sem a cena da mãe se soltando, e com eles chegando a uma nova casa, não foi deixado em aberto, o filme começa na saída de uma casa e termina numa entrada de outra, para mim é um desejo do diretor que saibamos que seus personagens ainda estão em algum lugar da Alemanha de casa em casa jogando com suas vítimas, uma após a outra.
PS: Eles parecem não entender tanto assim de buracos negros.
O primeiro ponto que eu gostaria de destacar é o jogo psicológico que se dá em alguns trechos do filme. Por exemplo, quando o homem se ve obrigado a escolher entre a vida do filho e a esposa nua na frente dos psicopatas. Outros jogos acontecem mais para o final do filme, onde os personagens são obrigados a optar pelo modo como vão morrer, ou ainda quando precisam escolher entre a própria morte ou o assassinato de algum dos familiares. Percebe-se também o prazer dos psicopatas com a humilhação da vítima.
ResponderExcluirNão se trata exatamente de um filme sanguinário, repleto de cenas de mutilação e afins. O enfoque maior é na violencia psicológica, nas chantagens e provocações constantes, na incapacidade das vítimas escaparem do controle dos dois psicopatas. Tudo isso é bastante pertubador, e o efeito é intensificado com a sonoplastia e o jogo de luzes/imagens. Um típico filme de suspense.
Diferente de muitos dos colegas , não consegui ainda visualizar a crítica a banalização da violencia, apenas entendi que é um estilo diferente de filme, uma nova forma de causar terror e suspense, sem apelar para tanto sangue (estilo que particularmente nunca me atraiu, aliás sempre achei um gosto bem questionável ver pessoas mortas, cranios se partindo, etc.).
Outro ponto importante, também já destacado pelos colegas, é a constatação de que o filme poderia perfeitamente ser baseado em fatos reais. Trata-se de um enredo bastante possível de acontecer, aliás, há casos documentados de crueldades até piores.
O filme Violência Gratuita apresenta uma crítica à forma como a violência é exibida e aceita por parte dos expectadores. No filme, um casal e seu filho estão em sua casa de veraneio e recebem a visita de dois jovens muito educados, os quais dizem serem convidados de seus vizinhos. Aos poucos a irritação do casal com relação aos jovens começa a aumentar e vai ficando cada vez mais clara a intenção dos jovens. O casal e seu filho são feitos reféns em sua casa, e diversos atos de violência são praticados contra estes, tanto violência física, como psicológica.
ResponderExcluirUm aspecto que achei muito interessante é que em todo momento o diretor tentou fazer com que o expectador estivesse muito próximo do filme, a ausência de trilha sonora, a interação dos atores com as câmeras, tudo isso faz com que o expectador se sinta no meio dessas cenas de horror. E ainda, as mortes não são exibidas, deixando a cargo do expectador imaginar como ocorreram tais eventos.
A violência no filme se apresenta como algo sem uma razão, os atos são feitos apenas para a satisfação do desejo dos assassinos, tanto que quando perguntados sobre o motivo de tal barbárie, eles levantam diversas hipóteses, todas em tom de ironia, mostrando que realmente não há um motivo.
No final, todos os membros da família são mortos e os dois jovens seguem para uma nova casa, para fazer novas vítimas. Isso mostra que a violência não tem fim, e que as mortes ocorridas anteriormente não tem nenhum impacto sobre as próximas, foi apenas mais um caso. Isso chega a perturbar e me fez refletir sobre a forma como nós compramos a violência, pagamos pra assistir esse tipo de coisa, mas com qual finalidade?
Funny games é mais um filme perturbador, em que a dor do outro (dos outros) é desprezada, sendo esta na verdade uma fonte de prazer aos dois protagonistas que se utilizam da violência como forma de jogo e diversão.
ResponderExcluirO título do filme em português, “Violência Gratuita”, representa bem o que se passa na história, visto que fica o sentimento de que os atos de extrema violência que são praticados pelos rapazes são notadamente sem sentido.
O desprezo pelo outro é tamanho que o processo de coisificação do ser humano parece atingir o seu auge numa história como esta, em que um casal e seu filho não passam de brinquedos em que se pode fazer o que bem entender, e a maior diversão é a destruição psicológica e finalmente física de cada um deles.
Em diversos momentos senti agonia vendo o filme, e não possuo interesse em assistir novamente ao menos por um bom tempo, isto porque creio que a mensagem foi dada, e de forma tão explícita e chocante que não precisa ser repetida.
O filme me prendeu do começo ao fim, mas no final não gostei do filme. Desde o começo o filme brinca com o espectador utilizando contrastes, como por exemplo, a música clássica do início e a música de rock. Ouro elemento de contraste são as roupas brancas dos dois rapazes, pois o branco é uma cor associada a pureza, uma cor típica de médicos que salvam vidas e não de psicopatas que as tiram.
ResponderExcluirAlgo que o filme para mim deixou claro é com aclamamos por violência para finalizar a violência, um exemplo é a cena que o garoto aponta a arma para o psicopata, eu torci para ele apertar o gatilho logo e matar o rapaz.
Achei intrigante a parte que o filme “rebobina” após a mãe matar um dos psicopatas, e acredito que a mensagem por trás disso é que se você matar um psicopata aparecerão outros.
Acredito que após assistirmos um filme devemos trazer algo positivo para nossas vidas, não acredito que é o caso desse filme, por isso não recomendo o filme para ninguém assistir.
Uma outra questão que fiquei refletindo é como um filme desse pode manipular a opinião da sociedade de como ela lida com a violência. Pois aposto que se fosse feita uma pesquisa sobre pena de morte para psicopatas logo após alguém ver esse filme provavelmente ela iria apoiar a pena de morte.
Este filme é muito tenso e retrata como a violência pode ser tanto física como psicológica. O Diretor aprofunda no tema algoz e vitima e como isto os afeta intimamente. Não há motivos para tal agressão, como e visto em varias passagens do filme - as vitimas não tem como sair da situação.
ResponderExcluirÉ uma visão europeia de um tema como a violência gratuita.
Recomendo para quem quer ver um filme fora do padrão americano, fazendo-nos refletir de maneira mais aprofundada.
ResponderExcluirum filme extremamente difícil de assitir. Incomoda muito
O filme mostra uma violencia crua e perturbadora. Que mexe com o psicologico de qualquer um.
A educação dos invasores chega a irritar o telespectador. Algumas vezes uns dos invasores olha para camera fala algumas coisas. Nessas horas nos faz sentir como cumplices daquela loucura.
E ao contrário do seu nome, o filme não tem a violencia gratuita. O diretor faz uma crítica a violência que é exposta e banalizada no cinema. E nosso dia-a-dia também.
E a falta do final feliz aproxima ainda mais da realidade.
"mas a ficção é real, não é?"
esta frase é marcante no filme
O diretor gera esse desconforto, e nos desafia a pensar porque afinal nós, como publico buscamos esse tipo de entretenimento, por que gostamos de ver violência.
Gostar de ver violência e se divertir, com isso não torna a violência real?
Filme muito forte. Explícita a violência física e psicológica por parte dos jovens que faz refém uma família, que foram passar uns dias em sua casa de campo. A violência física não está tão explicita, pois não aparecem com frequência durante o filme, é possível ouvir os sons de possíveis torturas apenas. E a parte da tortura psicológica, fica um pouco para os espectadores, pelo fato de não estarem vendo essas cenas. Os rapazes literalmente fazem "um jogo de brincadeiras perigosas" com essa família. Totalmente sangue frios. Mexe muito com a emoção de quem estar assistindo, pois gera várias expectativas durante grande parte do filme.
ResponderExcluirCenas marcantes são os olhares irônicos dos rapazes, e quando eles "falam direto com o expectador", dizendo se estamos nos divertindo.
O que incomoda, é o fato de não ter motivos para tal situação, me parecem jovens psicopatas, que sentem prazer em estar praticando tudo aquilo. E como dito acima pelo Evérton, é um filme sem final feliz, que infelizmente é a realidade de muitos lares, sendo por violência vindo de pessoas de fora, ou mesmo praticada por algum dos familiares.
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ResponderExcluirPerturbador. Depois de assistir o filme entendo que seja impossível se sentir apático com relação ao que foi apresentado. Seja um sentimento de ânsia pela banalização da violência ou de "culpa" por gostar de assistir programas/filmes relacionados com a violência ou qualquer outra reflexão sobre o tema.
ResponderExcluirA violência retratada no filme é mostrada a partir da forma sádica como os dois jovens brincam com a situação da família, principalmente na figura do pai. Tal como citado por um dos meus colegas, a tradução "Violência Gratuita" representa claramente sobre todo o contexto que o filme aborda.
Faço um paralelo deste filme com o "Hostel" (O Albergue) no qual o autor também apresenta o prazer em que as personagens possuem em relação à prática da violência com suas vítimas. Entretanto a principal diferença entre ambos e que na minha opinião torna "Funny Games" interessante e "Hostel" banal é a forma como os autores apresentam o sentimento sádico dos praticantes da violência. Enquanto "Funny Games" explora a imaginação dos espectadores, "Hostel" mostra de forma explícita como a violência é praticada, mas entendo que não cosnegue atingir o mesmo objetivo que o de "Funny Games", uma vez que em certo momento do filme, a simples explicitação da violência se torna apenas um pedaço de carne e sangue.
Neste sentido, quando se envolve a imaginação do telespectador, isto se torna angustiante e agoniante.
Funny Games explora a nossa imaginação com os jogos que Peter e Paul promovem sobre a familia sequestrada. Eles reagem com mais violencia a cada repreensão ou ato que consideram hostil, fisicamente são jovens que com suas roupas brancas e a forma como falam não representam uma ameaça e nos sugere toda a inocencia de uma criança a qual não mede consequencias para atingir o objetivo. É interessante que as cenas mais violentas vistas são o momento em que quebram a perna de Georg, quando cobrem a cabeça de Georgi com o saco e testam o ciume do casal, todas as mortes ou torturas ficam por conta de nossa imaginação o que pode tornar mais ou menos violenta cada morte. Antes da morte de Georg o filme nos mostra que o mal que os jovens praticam nunca acabará mesmo que alguém consiga dar um tiro ou matar um dos dois eles sempre voltam para continuar seus crimes.
ResponderExcluirFunny Games explora a nossa imaginação com os jogos que Peter e Paul promovem sobre a familia sequestrada. Eles reagem com mais violencia a cada repreensão ou ato que consideram hostil, fisicamente são jovens que com suas roupas brancas e a forma como falam não representam uma ameaça e nos sugere toda a inocencia de uma criança a qual não mede consequencias para atingir o objetivo. É interessante que as cenas mais violentas vistas são o momento em que quebram a perna de Georg, quando cobrem a cabeça de Georgi com o saco e testam o ciume do casal, todas as mortes ou torturas ficam por conta de nossa imaginação o que pode tornar mais ou menos violenta cada morte. Antes da morte de Georg o filme nos mostra que o mal que os jovens praticam nunca acabará mesmo que alguém consiga dar um tiro ou matar um dos dois eles sempre voltam para continuar seus crimes.
ResponderExcluirEste filme é uma verdadeira crítica à violência mostrada nos files Hollywoodianos, o quanto o diretor queria deixar o espectador tenso e revoltado, a possibilidade que tem deste em manipular a massa para “gostar” da violência que seria criticada em outro ponto do filme. Já logo no início do filme você começa a torcer pela família para que eles acabem logo com aquilo, que dê uma facada, um tiro, qualquer coisa. O diretor conseguiu fazer com que a plateia odiasse, de fato, aqueles dois personagens de roupas e luvinhas brancas e que ficasse tensa com a situação. E quando temos um pingo de esperança de algo se resolver, o diretor vem e nos dá um soco na cara e tudo volta à mesma tensão de antes. Pela minha interpretação, é que o filme é uma crítica ao cinema, com a violência gratuita dos filmes americanos. Normalmente, os bandidos teriam sido mortos como em outras fitas Hollywoodianas e seria um fim agradável. Mas não é uma fita comum, e sim uma angustiante e claustrofóbica, além de provocadora. Como geralmente é divertido assistir pessoas sendo gratuitamente degoladas, amputadas, molestadas, como ocorre na maioria dos filmes de terror americano que faturam milhões, qual seria o problema de ver uma família inocente ser destroçada por dois delinquentes? É por isso que, na minha opinião, esta obra é crua, bruta e psicologicamente violenta.
ResponderExcluirO filme é muito interessante não só no ambito da produção e dos autores, mas também nas diferentes reflexões possíveis. Funny Games envolve a imaginação do telespectador de maneira angustiante por meio dos jogos que os dois jovens (Peter e Paul) submetem a família, que traz um sensação incomoda e perturbadora que mexe com o psicológico de qualquer um.
ResponderExcluirO filme é muito forte, com explícita a violência física e psicológica, e o curioso é que as cenas não são exibidas, apenas os sons de possíveis torturas, dependendo da imaginação de cada pessoa. Mexe muito com a emoção de quem está assistindo, pois gera várias expectativas por meio de cenas marcantes e até mesmo irônicas.
RA 21014213
O filme apela para o senso de justiça do expectador, e quebra esteriótipos criados pelo cinema norte americano mostrando que a maldade, a violência e a insanidade podem partir de qualquer um, até mesmo de jovens brancos bem educados e com "aspecto de limpeza" (mostrado pelas roupas e luvas brancas). Mostra também que a violência não está só nas periferias das grandes cidades, toda a tranquilidade aparente de uma casa de campo e de suas paisagens do entorno n nos fazem pensar que nunca estamos a salvo da maldade de outras pessoas.
ResponderExcluirO filme nos faz torcer por uma violência ainda maior contra quem a está praticando. Torcer por um instante onde a família vire o jogo e se vingue de forma cruel dos jovens se faz presente e aumenta a cada minuto do filme.
Critica pesada da banalização da violência e dos "padrões" criados pela sociedade e pelo cinema norte americano.