quinta-feira, 13 de agosto de 2015

10. Racionais Mc's - Sobrevivendo No Inferno (1997)

O Racionais MC’s surgiu no final dos anos 80 com "um discurso que tinha a preocupação de denunciar o racismo e o sistema capitalista opressor que patrocinava a miséria que estava automaticamente ligada com a violência e o crime", segundo o site oficial do grupo.

Sobrevivendo no Inferno é o quarto álbum de estúdio do grupo e foi  lançado em dezembro de 1997 pelo selo independente "Cosa Nostra". Vendeu mais de 1 milhão de cópias.

As narrativas articulam a experiência do crime e da revolta com a busca da redenção, daí a presença de certa religiosidade explícita no "Salmo 23" que ilustra a capa: "Refrigere minha Alma e guia-me pelo caminho da Justiça".

Faixas do álbum
1. "Jorge da Capadócia" (Jorge Ben Jor) - 2' 48
2. "Genesis (Intro)" (Mano Brown) - 0' 23
3. "Capítulo 4, versículo 3" (Mano Brown) - 8' 09
4. "Tô ouvindo alguém me chamar" (Mano Brown) - 11' 09
5. "Rapaz comum" (Edy Rock) - 6' 25
6. " ..." (Edy Rock) - 2' 33
7. "Diário de um detento" (Mano Brown / Jocenir) - 7'31
8. "Periferia é periferia (em qualquer lugar)" (Edy Rock) - 6' 01
9. "Qual mentira vou acreditar" (Mano Brown / Edy Rock) - 7' 42
10. "Mágico de Oz" (Edy Rock) - 7' 38
11. "Fórmula mágica da paz" (Mano Brown) - 10' 40
12. "Salve" (Mano Brown / Ice Blue) - 2' 15


26 comentários:

  1. Particularmente, já pedindo prévio perdão, não sei se por falta de envolvimento ou de compreensão da minha parte, mas defino a maioria das faixas como perturbadoras (pedindo desculpa de novo para aqueles que apreciam!).
    Na 4a faixa ("Tô ouvindo alguém me chamar"), comecei a considerar a violência padrão que é moldada por uma sociedade discriminatória: o personagem da música apresenta um certo remorso pelos seus atos quando descreve sua perturbação com pesadelos, o choro da criança e risos. Apesar de sua conturbação, ele deixa transparecer que é a sua única alternativa quando repete o feito. Nos faz pensar se a sociedade e o ambiente definem seu comportamento, assim como o de todos ao seu redor que são igualmente condicionados. Entretanto, há um ponto da música onde há a controvérsia, que me tocou intimamente, e que retorna durante o enredo, no qual, primeiramente, o autor demonstra certo descaso pelo comportamento do irmão, que "sonha em ser doutor" e, posteriormente, este realiza seu sonho, tem um filho e uma vida "digna" enquanto, paralelamente, o protagonista agradece pelo caminho desse irmão ter sido diferente do seu e "se dá por vencido", se entregando às consequências de seus atos.
    Genericamente, todas as faixas presentes na coletânea falam da violência que é gerada devido à discriminação e submissão da população de classe social mais baixa, como a pobreza gera violência. Tudo isso, somando à descrição da vida na periferia e condição daqueles menos privilegiados justifica o título do álbum ser "Sobrevivendo no Inferno", onde pode-se ter uma ideia de um outro ponto de vista, apesar de apresentado de modo artístico, de uma realidade que talvez não faça parte da nossa.
    A apologia ao salmo 23 encontra-se onde ele fala justamente sobre o caminho da justiça. Diversas vezes nas letras das faixas, foi observado como o protagonista recebe sua "punição", retorno da sua atitude decorrente de um caminho mal escolhido. Ele, ainda, não condena aqueles que optam pelos seus próprios caminhos, como na faixa "Periferia é periferia", onde ele encerra a música dizendo como o sistema naquele ambiente funciona "cada um por si", reconhecendo "molecada sem futuro" mas advertindo-os: "Periferia é periferia... Deixe o crack de lado, escute meu recado... ".

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  2. Eu concordo com a Carolina, de certa forma é um álbum muito perturbador. Porém não acho isso ruim. A primeira música do álbum, Jorge da Capadócia, particularmente contando, ainda é uma das músicas que escuto quando bate uma angústia com algo que está acontecendo. No contexto do álbum, remete, assim como a faixa "capítulo 4, versículo 3" a parte da redenção, a crença em uma salvação, ao perdão pelas atitudes ruins que tomam. Quanto a faixa "Diário de um detento", preciso dizer que eu nunca tinha ouvido, mas o clipe me fez pensar demais desde a época da ditadura que meu avô contava, bem como o massacre do Carandiru e como a realidade do Brasil avançou e não avançou, é chocante. Porque de certa forma, o que eu vejo não é o que eles veem e vice-versa. O que a realidade da favela vê, o que eles passam. As faixas do álbum são atemporais nesse sentido. Assisti algumas entrevistas do Mano Brown (), e independente do momento que ela foi dada ele sempre remete à desigualdade, ao negro, mas fala o tempo todo da necessidade de tomarmos frente do Brasil, do jovem ter atitude sobre o que está acontecendo. O álbum "Sobrevivendo no Inferno", como ele diz em uma entrevista é política, política pura, uma crítica em forma de rap, mas não só ao governo, aos 'ricos' e também a própria realidade da favela.
    Mariana Donnini RA 11108113

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  3. Para mim, o melhor álbum dos Racionais.
    O nome do álbum já nos faz analisar a dificuldade de se viver na periferia.


    O álbum retrata a realidade de muitos.
    Eles falam de pontos cruciais para quem mora na favela e fora dela.



    Logo na terceira faixa já nos deparamos com :
    "60% dos jovens de periferia sem antecedentes criminais já sofreram violência policial

    A cada 4 pessoas mortas pela polícia, 3 são negras

    Nas universidades brasileiras apenas 2% dos alunos são negros

    A cada 4 horas, um jovem negro morre violentamente em São Paulol"

    Capitulo 4 e versiculo 3 é uma música que nos mostra que a discriminação ainda é gigante em nosso país e as consequencias que o preconceito traz.

    E durante o álbum inteiro , nas músicas que o Brown compos, ele se coloca em todas elas.
    e ele mostra a historia de várias pessoas perdidas querendo vencer na vida, mas por causa do sistema e por quer ser alguém na sociedade acabam indo pelo piores caminhos : drogas, roubos, tráficos...

    Tô ouvindo álguem me chamar retrata muito bem isso, mas Diario de Um Detento foi A música do álbum.
    O fato de ter tido o clipe estourado na mtv, ajudou muito O grupo racionais a serem ouvidos fora do mundo da periferia. Até os "playboy" começaram a curtir.
    Ele se coloca no papel de presidiário e mostra como se sente e com a sociedade o vê. Diario... é uma muisca bem provacativa e pertubadora, podemos perceber isso no trecho: "Minha vida não tem tanto valor
    Quanto seu celular, seu computador..."


    Mas para mim as duas melhores músicas do àlbum são do Edy Rock : Qual Mentira vou Acreditar e O Mágico de Oz.
    Essas duas músicas retratam perfeitamente a realidade. A primeira de uma forma mais leve e a segunda muito mais contudente.
    Elas falam das difculdade da periferia, da tentativa de se enquadrar numa sociedade que exclui, discrimina e fecha os olhos para os problemas Fala do abuso de drogas e como a policia é mal vista.

    E quase no finzinho do álbum temos A Formula Mágica da PAz.
    è uma música que nos mostra que todos querem a paz, mas buscam isso de uma forma violenta.

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  4. Já conhecia o álbum, e dispenso comentários sobre as letras do Mano Brown. A força do álbum é o impacto das letras que discutem temas ligados a desigualdades sociais, miséria e racismo, que são pontos presentes em zonas de periferias da cidade, favelas. Só o título do álbum (Sobrevivendo no Inferno), já mostra o quão forte, porém realistas, são as letras das músicas.

    As letras de todas as músicas, retratam uma infeliz e triste realidade das periferias de São Paulo, e de todo o resto do Brasil. Mano Brown tenta “incorporar” o personagem de cada música, e contando a história como se tivesse sido vivida por ele.

    Os grandes sucessos foram "Diário de um Detento" (baseado no diário do preso Jocenir, ex-detento do Presídio do Carandiru), "Fórmula Mágica da Paz" e "Mágico de Oz" (de Edy Rock). Essas foram as que mais desapontaram na época do lançamento.

    O trecho do álbum que mais me chama atenção, e que melhor retrata toda a luta na periferia pelos cidadãos de bem, é a música “Capítulo 4, Versículo 3”:

    “Se eu fosse aquele cara que se humilha no sinal,
    Por menos de um real, minha chance era pouca.
    Mas se eu fosse aquele muleque de toca,
    que engatilha e enfia o cano dentro da sua boca;
    De quebrada, sem roupa, você e sua mina
    Um dois nem me viu já sumi na neblina.
    Mas não, permaneço vivo, prossigo a mística
    Vinte e sete anos contrariando a estatística”

    "PERMANEÇO VIVO, PROSSIGO A MÍSTICA, VINTE E SETE ANOS CONTRARIANDO A ESTATÍSTICA".

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  5. As letras em sua maioria são verdadeiras obras de arte, e poderiam ser melhor aproveitadas pelos ouvintes, uma vez que muitos apenas ouvem porque apreciam a “batida” ou porque é conveniente em alguns momentos mostrar para os outros que ouve Racionais para passar uma determinada imagem. Ou seja, acredito que não basta escutar a música, mas refletir mais profundamente sobre a mensagem passada, que é exatamente o que propõe esse post.
    Os Racionais fizeram grande sucesso nos anos 90 e 2000 - nos últimos anos os membros tem seguido carreiras solo, com trabalhos não tão chamativos - e por muito tempo reuniu muitos fãs, sendo um dos pioneiros do movimento hip hop no Brasil. Mesmo com as letras ácidas, atingiu ouvintes não só nas periferias, mas também em bairros ditos mais nobres. Inclusive, foi no colégio particular onde estudei - portanto, frequentado por alunos majoritariamente de classes médias - que tive meu primeiro contato com as letras. A partir daquele momento, mudei bastante minha visão sobre os problemas da violência urbana e das questões sociais e raciais de modo geral. O rap, de modo geral, contribuiu bastante para formar meu caráter, uma vez que, enquanto um jovem de classe média que nunca havia pisado numa favela, eu tinha tudo para crescer com uma visão de mundo limitada, sem entender o que acontece de fato “do outro lado da ponte”. Então acredito no poder de transformação do rap – e também de toda forma de cultura que busca trazer a reflexão sobre as problemáticas de nosso mundo - ,não só para os Mcs que não raro encontram nele uma salvação, mas também para os ouvintes que podem evoluir como seres humanos na medida em que tem a possibilidade de refletir em cima das letras.
    Quanto as faixas do álbum, já tinha ouvido praticamente todas as músicas, com exceção da faixa 5 mesmo, um pouco menos famosa. Na faixa 3 temos uma letra bastante forte, a principal mensagem é a tentação do consumo promovida pelo capitalismo, que acaba "corrompendo” muitos na periferia. Ou seja, na busca por alcançar um status social mais privilegiado principalmente através do consumo, muitos que não tem acesso a esses bens são tentados a percorrer atalhos (o crime) para realizarem suas ambições materiais.
    Outras faixas, além das já citadas, descrevem (i) os conflitos e assassinatos que ocorrem entre os moradores da própria periferia, (ii) a grande miséria que assola muitos periféricos, (iii) o dia-a-dia de um presídio, (iv) a descrição de personagens típicos da periferia e a (v) violencia policial.

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  6. O álbum sobrevivendo ao inferno é uma obra-prima, nunca antes um disco que retratava a realidade das periferias chegou tão longe e alcançou tantos ouvintes. Não apenas pela popularidade que o CD atingiu, mas principalmente pela mensagem que é passada através de cada verso descrevendo a realidade de milhões de brasileiros.
    Dentre as faixas a que mais me chama atenção, principalmente no que se refere a violência, é a música "Tô ouvindo alguém me chamar", onde um rapaz retrata toda a sua trajetória no "mundo do crime", e descreve toda a sua história cronológica até sua trágica morte causada pelo seu mentor Guina, que desconfiou que ele havia o caguetado e daí mandou executá-lo. As reflexões do jovem assassinado são instigantes. Ele retrata desde o início da sua trajetória quando ficara admirado por Guina, passa pelos assassinatos que ele cometeu, até o momento que ele agonizava sua morte. Contudo, a mensagem final que é transmitida é que o mais importante é que ele estava arrependido de tudo o que fizera e vislumbra no seu irmão de sangue, um futuro advogado, o exemplo a ser seguido.
    Ao longo dos mais de onze minutos de canção o que mais me fascinou não somente nesta faixa, mas no CD todo, é a capacidade que os compositores tiveram de prender nossa atenção devido a sua intensa narrativa, rica em detalhes, o que torna este álbum memorável.

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  7. Eu não tenho uma opinião ou um comentário muito bem formado e conteudista sobre os artistas por não acompanhar a trajetória deles, tanto musical quanto de vida, pois não é um estilo musical que ouço e me atualizo com frequência. Mas foi interessante ouvir, ouso dizer pela primeira vez, o quarto álbum completo (Sobrevivendo no Inferno). As faixas musicais são interessantes por cada uma contar uma história ou um enredo que retrata sobre algum assunto muito presente e discutido na sociedade brasileira, como a miséria, o racismo, a violência, discriminação, dentre outros, e que ainda geram muita polêmica e, em certos casos, um tabu por não querer ser discutido e muito menos ouvido nas rádios. Acho que a faixa que me chamou mais atenção foi a de número 7, “Diário de um detento”, que trata de um diário de um prisioneiro do Carandiru. Nesta faixa ele faz uma assimilação com os campos de concentração nazistas na Alemanha e com as guerras ainda presentes em Israel, o que traz à tona que o ocorrido no Carandiru foi um dos momentos mais violentos e sanguinários já assistidos no Brasil e que consegue se equiparar com os horrores vividos em outras épocas e em outros países. Achei interessante quando uma parte desta música cita o irmão e a preocupação do preso para com este, para que ele não siga o mesmo caminho. Faz um comentário também sobre os estupradores e a realidade vivida dentro da prisão. Faz referência também ao sistema capitalista que induz a criação de novos detentos, o que fez lembrar sobre a aula da Professora Alessandra, estudiosa sobre a organização PCC, que nos informou que o Brasil foi um dos únicos países ainda a ter uma taxa de crescimento do número de detentos. E nesta mesma aula ainda foi discutido o assunto do Carandiru, de como alteraram as informações sobre quantos presos foram mortos e de que eles estavam armados. É chocante como a população aceita e acredita piamente nas informações carregadas com as mídias e não tem ouvidos para saber sobre outra opinião, ainda mais com o discurso de que com bandido não tem clemência e a solução é a morte. Por fim, para não me estender muito mais, gostei muito do álbum, de todas as faixas, me trouxeram muitas informações e visões novas sobre diferentes assuntos que são raramente discutidos entre as pessoas ou, se são, são baseados no senso comum.

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  8. A musica realmente é uma forma de expressão na qual o artista expõe suas experiencias, seus pensamentos e seus ideais. Esta é a primeira vez que escuto Racionais Mc´s e fui surpreendido pelas letras, pois sempre achei que o rap trazia uma apologia ao crime e à violencia. Em "Tô ouvindo alguém me chamar" a historia de dois irmãos que tomam rumos difentes mostram como o crime na periferia pode atrair e desenvolver pessoas com potencial diferenciado e a ostentação e o desejo de conquistar luxo e riqueza infelizmente contribuem para que alguns jovens busquem um caminho "mais fácil" para conseguir o que desejam.
    A critica ao sistema está em cada uma das musicas e a midia e o preconceito (em especial em "Qual mentira vou acreditar") são exemplos de fatores que influenciam o desejo pela criminalidade de alguns jovens, e infelizmente com isso podemos notar hoje que essa forma violenta de segregar contribuiu e contribui para a criminalidade nas grandes cidades e em especial nas periferias. A religiosidade também é tratada como uma solução ao mal instaurado, entretanto o jovem não se ve motivado a seguir um caminho simples e ser apenas mais um na multidão sem a chance de conseguir aquilo (riqueza/poder) que todos dizem ser necessário para o sucesso.
    Ao ouvir os Racionais Mc´s encontramos criticas ao sistema e ao Poder ao qual todas as classes sociais brasileiras se encontram e que ostentam a riqueza e ostilizam aqueles que não a possuem.

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  9. A musica realmente é uma forma de expressão na qual o artista expõe suas experiencias, seus pensamentos e seus ideais. Esta é a primeira vez que escuto Racionais Mc´s e fui surpreendido pelas letras, pois sempre achei que o rap trazia uma apologia ao crime e à violencia. Em "Tô ouvindo alguém me chamar" a historia de dois irmãos que tomam rumos difentes mostram como o crime na periferia pode atrair e desenvolver pessoas com potencial diferenciado e a ostentação e o desejo de conquistar luxo e riqueza infelizmente contribuem para que alguns jovens busquem um caminho "mais fácil" para conseguir o que desejam.
    A critica ao sistema está em cada uma das musicas e a midia e o preconceito (em especial em "Qual mentira vou acreditar") são exemplos de fatores que influenciam o desejo pela criminalidade de alguns jovens, e infelizmente com isso podemos notar hoje que essa forma violenta de segregar contribuiu e contribui para a criminalidade nas grandes cidades e em especial nas periferias. A religiosidade também é tratada como uma solução ao mal instaurado, entretanto o jovem não se ve motivado a seguir um caminho simples e ser apenas mais um na multidão sem a chance de conseguir aquilo (riqueza/poder) que todos dizem ser necessário para o sucesso.
    Ao ouvir os Racionais Mc´s encontramos criticas ao sistema e ao Poder ao qual todas as classes sociais brasileiras se encontram e que ostentam a riqueza e ostilizam aqueles que não a possuem.

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  10. Eu sempre gostei do Racionais. Começa com uma Oração - para São Jorge - para proteção contra os inimigos. E este CD fala da violência, de uma forma crua e fria. É uma forma de cantar estilo "Paulista": ostentação, classes sociais, policia, falta de oportunidade, opressão, morte, dor.
    Em Capítulo 4, Versículo 3 resume toda a temática do álbum onde verifica-se como o morador da periferia sofre com a violência policial, a indiferença das classes sociais superiores, e como a falta de oportunidades de crescer na vida somada ao sistema capitalista que praticamente força as pessoas a se utilizarem de qualquer meio para conseguir dinheiro, inevitavelmente, acaba levando boa parte dos moradores a recorrer ao crime como meio de subir na vida e conseguir respeito.

    "Cada um cada um..." As musicas criam uma narrativa do olhar da periferia. A musica Diante do inferno descreve o depoimento do ex-presidiário do Carandiru Jucenir.
    Em resumo, as musicas dos Racionais é a voz do que ocorre na periferia de São Paulo, onde a violência e o controle de o poder é o tema que toma conta desta parte da sociedade.

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  11. Esse CD assim como outros que foram lançados posteriormente pelo Racionais trazem letras que buscam retratar uma realidade que, em muitos casos, não é a nossa realidade. Não acho que seja um CD com músicas “perturbadoras” como alguns colegas colocaram, mas sim um CD com músicas reveladoras no sentido que essas músicas revelam a realidade de tantas pessoas e ao mesmo tempo tão desconhecida para outras.
    O próprio título do CD já te leva a refletir sobre de que inferno ele está se referindo: é o inferno da casa no subúrbio, é o inferno da periferia, é o inferno do sistema carcerário... as possibilidades são diversas. E ao longo do CD você consegue imaginar um “inferno” diferente a cada faixa, a cada estória.
    Como o estilo musical é um pouco rápido em algumas faixas é interessante acompanhar a letra por escrito para que se faça uma reflexão sobre o que está sendo escutado. Eu percebi que que apesar do cenário forte e presente em todas as músicas é possível notar que vários versos trazem um pouco de fé.
    Acredito que eles conseguem retratar em todas as letras não apenas a violência escancarada e estatística que é gerada por conta de uma discriminação social, mas a violência velada que é gerada contra o pobre que é negro.
    De todas as faixas do CD a que eu achei mais impactante foi a Diário de um Detento no qual é possível notar uma extensão da violência.
    “Cada detento uma mãe, uma crença.
    Cada crime uma sentença.
    Cada sentença um motivo, uma história de lágrima,
    sangue, vidas e glórias, abandono, miséria, ódio,
    sofrimento, desprezo, desilusão, ação do tempo.”

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  13. Lembro de Racionais desde os idos dos anos 90, época do colegial na Escola Estadual Martins Pena em São Paulo... O Homem na Estrada era o som do momento. No disco Sobrevivendo no Inferno, as temáticas do grupo continua a mesma porque a realidade daqueles que eles retratam em suas letras continua a mesma. Não há esperança de melhora a médio prazo. A violência, em todas as suas facetas, vai imperar e cada um na periferia deverá levantar sua própria segurança e fazer sua história árdua, seja pelo caminho que for, o cidadão da periferia passará por etapas de sobrevivência envolvendo dor física e espiritual, perdas materiais, de familiares e de esperança, até, na maioria das vezes, a perda total do equilíbrio até fazer sua trajetória derradeira rumo a cadeia ou ao caixão. Só transpassadas essas etapas, como um dos irmãos em "Tô ouvindo alguém me chamar" é que alguma chance se estabelece para essas pessoas.

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  14. Já conhecia o trabalho dos Racionais Mc`s, minha visão sobre as letras de suas músicas é de que o grupo tenta mostrar para a sociedade o ponto de vista de uma população que não tem voz nos grandes veículos de comunicação, que sobrevivem numa espécie de "apartheid" social, onde o poder paralelo toma a dianteira no lugar que o poder público não chega. Suas músicas também possuem a função de aliviar a dor causada por essa marginalização, contando e mantendo viva a histórias de personagens que no cotidiano da periferia ou no sistema carcerário fizeram, nos limites de suas percepções de mundo, as únicas coisas que poderiam ter feito para garantir a sobrevivência. O tom sombrio de suas melodias proporciona ao ouvinte experimentar o sentimento de desesperança e vazio que estão submetidos esses personagens martirizados pelo sistema em suas lutas diárias pela sobrevivência.

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  15. Nunca fui fã dos Racionais, mas ninguém pode negar que suas músicas são carregadas de “realidade” nua e crua. Mesmo enfrentando preconceito por suas músicas não convencionais, eles conseguem expressar em forma de arte uma crítica ao sistema político atual, movido pelo Capitalismo, que gera a desigualdade social evidenciada nas periferias das grandes cidades (origem dos integrantes do grupo), sendo que consequentemente, para os mais afetados por essa desigualdade, a única saída é o mundo do crime, tornando-se um ciclo vicioso. Piorando esta situação, soma-se a questão do racismo, ainda fortemente impregnada em nossa sociedade. Este álbum, em específico, mistura todos esses ingredientes com um pouco de religião, ou seja, o grupo busca a Deus como forma de escapatória ou de amenizar a situação do meio em que vivem, numa tentativa de redenção divina.

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  16. O álbum sobrevivendo no inferno trouxe em suas letras uma pequena demonstração do que é viver no inferno, como é sobreviver em uma periferia. Também não concordo que o disco seja perturbador, apenas retrata uma situação que é invisível para muitos, que não é exibida diariamente na televisão. Perturbadora são as situações descritas nas músicas e não a sua descrição.
    Uma característica muito interessante das letras do Racionais é o alto nível de detalhamento, como pode ser visto na faixa "To ouvindo alguém me chamar", que narra por 11 minutos a história de uma rapaz no mundo do crime, a forma como a história é contada é impressionante, me faz sentir como se estivesse vendo os eventos ali narrados.
    Particularmente não sou fã desse gênero musical, mas o Racionais consegue quebrar essa barreira e fazer com que eu os admire muito, acho as letras sensacionais, pois conseguem retratar muito bem a realidade vivida nas periferias.

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  17. Acredito que o Racionais Mc's vai além de uma música para agradar certo gosto musical. Particularmente, não costumo ouvir e apreciar esse tipo de som, mas não deixo de dar o devido valor que suas letras tem. O álbum retrata a realidade de muitas pessoas, que sofrem exclusão social, que vivem em meio a baixas condições de vida e não são bem aceitas pela sociedade, sociedade essa que muitas vezes prefere fechar os olhos diante do contraste social em que vivemos e julgar sem o mínimo conhecimento prévio. Tenho certeza que essas palavras são acolhedoras para muitas pessoas, que vivem em outra (dura) realidade, onde para muitos, a única saída é o crime e a religião assim como retrata o álbum. Vale ressaltar que embora por muitas vezes essas pessoas não sofram uma violência subjetiva, sofrem uma objetiva, uma vez que pessoas elitizadas buscam segregar e claramente diferenciar esta classe oprimida que por muitas vezes não tem nenhuma possibilidade em suas vidas.
    RA 21014213

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  18. Racionais MC's é um grupo extremamente forte na cena do rap nacional e que conseguiu destaque tanto nas periferias urbanas como na mídia (ainda que de forma tímida). O discurso do grupo é bastante forte, por abranger temas presentes nas periferias brasileiras, como a violência policial, racismo e a desigualdade econômica.
    O álbum Sobrevivendo no Inferno marca um ponto importante da carreira do grupo, uma vez que alcançou o maior numero de vendas desde então. é interessante notar como um grupo marginalizado ainda tem fortes raízes na religião, e trabalha com a relação entre as leis de Deus e as leis da terra, relacionando a moral. Enfim, o disco é importante por trazer para a cena nacional o hip hop brasileiro, e mostrar uma cultura até então marginalizada.

    Julia Rocha Gouveia RA 11037709

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  19. No momento do lançamento deste CD, eu morava em um bairro periférico de São Bernardo, com baixa infra-estrutura, em condições similares ao local onde é o ambiente similar em que os componentes do Racionais MC's residiam (e acho que residem até hoje). Embora não fosse o estilo de música que eu apreciasse, como morador da periferia não podia deixar de notar como as músicas com letras fortes, mencionando as mazelas da sociedade como drogas, violência, precariedade, desigualdade social, crítica aos ricos, aliadas a fé e a esperança por algo melhor ecoavam como um hino da periferia, especialmente entre os jovens, onde era muito comum andar nas ruas e nas épocas das "festas de garagem", era muito comum ouvir estas músicas.
    Por serem letras que realmente retratam as dificuldades e os riscos de se viver na periferia, embora em alguns casos vejo uma certa apologia ao crime por justificar a violência ao invés de propor a paz, vejo que por em sua maior parte ser realista, acaba por ser uma grande obra cultural para retratar a relação da sociedade com a periferia, incluindo uma forte crítica ao estado que é capaz de acelerar os processos de melhorias a quem reside nestes locais.
    Eles fizeram de suas vozes uma forma de manifestação pacífica contra a violência praticada pela sociedade que na sua maior parte do tempo, trata a periferia com indiferença, como se os problemas que ocorrem lá não pertencesse a todos.

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  20. Sobrevivendo no inferno foi lançado em 1997 e foi o real divisor de águas para o grupo Racionais Mc’s, durante todo o albúm o grupo trata de temas como preconceito, drogas e criminalidade nas periferias, além do explícito incomodo com a desigualdade social e uma busca a equiparar modos de vida. O albúm tem descrições muito detalhadas e é capaz de fazer com que o ouvinte se sinta parte das situações apresentadas, assim como quem as canta, na faixa “Diário de um detento”, a vida dentro de uma penitenciária é narrada por Mano Brown, antes e durante o massacre no Carandiru, questões como violência, coersão e desvalorização da vida de um detento são explicitadas em frases como “Minha vida não tem tanto valor, quanto seu celular, seu computador” e “Lealdade é o que todo preso tenta, conseguir a paz de forma violenta”. A violência generalizada é narrada em “Capítulo 4, versículo 3” que inicia mostrando dados que comprovam a desigualdade entre negros e brancos, além de expor os motivos pelos quais alguns escolhem o crime como uma saída válida, mas não uma saída simples, em “To ouvindo alguém me chamar” a vida no crime é explicada e suas dificuldades também, tudo muito bem narrado com apelo visual e sem dispensar a fé em Deus, na faixa “Mágico de Oz”, a vida de um garoto usuário de drogas é narrada e apesar de toda a injustiça e sofrimento, a fé na justiça divina está presente, para o grupo, as desigualdades e os crimes só podem ser julgadas por Deus, que fará justiça. Sobrevivendo no inferno fala não só sobre a vida na periferia, mas sobre estar em condição inferior apenas por ser quem é, não se pode mudar a cor da pele e muitas vezes, quando nascido em pobreza, é coagido a não sair dela, a sociedade não aceita com bons olhos o preto e pobre, não os instrui, apenas ignora a fim de que sejam esquecidos, com efeito, a forma que esses encontram para serem vistos é o dinheiro, o denominador comum da sociedade e sem poder ou instrução, optam por buscar o dinheiro e justiça por toda a violência sofrida através do crime, outra forma de violência.

    Nathalia Oliveira Siqueira 21079014

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  21. A realidade sendo mostrada de forma coerente e poética, digna de grande pensador que compreende com estrema racionalidade o ambiente em que vive, Sou suspeito em comentar pois sou muito admirador do trabalho dos Racionais Mc's que vem representado com mestria o rap nacional tao marginalizado na sociedade.

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  22. O álbum Sobrevivendo no Inferno dos Racionais aborda a violência de um modo muito interessante. Inicia-se com estatísticas sobre as mortes de jovens negros da periferia e sobre a polícia que mata esses jovens. Durante as músicas dá para sentir toda a indignação dos cantores, a frequência das opressões que sofrem e toda a violência sistêmica que sofreram, Isso faz com que a vida do crime muitas vezes abordada seja justificada e que nos proporciona um ar de justiça. A faixa diário de um detento mostra o abandono que o Estado proporciona aos jovens de periferia e narra como era a vida dos detentos do Carandiru até o momento do massacre onde quase toda a população carcerária foi assassinada por policiais.
    Outra faixa importante a ser destacada é Capítulo 4 versículo 3 onde a violência reativa ao sistema é transformada e justificada pela religião como se Deus fosse testemunha de tudo e soubesse da necessidade do indivíduo que andou pelo caminho do crime.
    No final do álbum a música Mágico de Oz aborda a questão da esperança de que as coisas irão melhorar, que acima de tudo se deve ter fé, esse discurso veem logo depois de "em qual mentira vou acreditar" que afirma a temática do racismo implícito.

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  23. Esse álbum é realmente uma denúncia sobre o atual sistema que domina e dita as regras na nossa sociedade, é possível ver por uma ótica diferente os problemas sociais que o sistema capitalista traz como "efeitos colaterais" e como o próprio sistema se encarrega de tentar resolver esse efeito colateral de uma maneira nem tanto ética
    Um ótimo album

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  24. Álbum lançado em 1997 é uma sintaxe de critica social, relatos vivenciados no sistema carcerário e no dia-a-dia da periferia paulista. Expondo poeticamente a desigualdade social e as causas da violência urbana como miséria, o crime, o racismo. Logo no inicio do álbum são citados dados estatísticos que vão embasar a temática das músicas. As drogas e a completa falência do Estado para com os que dele dependem, fazem deste um grito de ecoa até os dias de hoje contra todos esses males que assolam a periferia.
    As músicas vão além da critica, passam uma mensagem esperança baseadas na fé e exposição de quão perigosa é a vida no crime. Mas tal visão religiosa também algumas vezes “legitima” as violências praticadas como assassinatos e outros crimes, com o argumento que a partir de uma vida injusta, outras injustiças são perdoadas por Deus.

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    1. Oi Marcelino, tudo bem? Preciso te escrever, me passa seu e-mail, por favor?
      Ass. Flamarion

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